Título: A economia mudou, mas organizações não evoluíram
Autor: Cleide Silva
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/02/2006, Economia & Negócios, p. B1,4

Os sindicatos brasileiros se acomodaram e não acompanham as mudanças no mundo do trabalho. "Não houve modernização do movimento sindical", diz o pesquisador do Centro de Estudos de Economia Sindical e do Trabalho (Cesit), da Unicamp, Márcio Pochmann. Para ele, é uma visão simplista responsabilizar a estrutura sindical pela situação atual.

Pochmann lembra que o País passou por mudança produtiva que alterou a estrutura do emprego. Houve proliferação de pequenas empresas, principalmente na área de serviços, e seus funcionários não se encaixam nos sindicatos atuais.

Exemplo disso é o envolvimento cada vez maior de Organizações Não Governamentais (ONGs) nas questões ligadas ao trabalho. Muitas oferecem cursos profissionalizantes e assistência, antes atividades de entidades sindicais. O pesquisador lembra que quase 40% dos trabalhadores assalariados - cerca de 20 milhões de pessoas - não têm carteira de trabalho, ou seja, estão fora da estrutura formal de sindicalização.

CONFLITOS

Para quem está no movimento sindical há vários anos, os conflitos se tornaram comuns. O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, Carlos Alberto Grana, reclama da facilidade com que são criados sindicatos, muitos deles apoiados por empresários que preferem dirigentes dóceis.

Um exemplo citado por ele é o do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí (RS), criado após a chegada da General Motors, há cinco anos. Antes, os trabalhadores eram da base do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre. As duas entidades travam guerra de liminares para ver quem representa os empregados da montadora.