Título: Decisão é mediocridade da equipe econômica, diz oposição
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/03/2006, Economia & Negócios, p. B4

O líder do PFL na Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ), disse que os três diretores derrotados na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) que reduziu em 0,75 ponto porcentual a taxa básica (Selic) de juros estavam certos ao defender um corte de 1 ponto porcentual.

Segundo Maia, a redução em 0,75 ponto porcentual "é o reflexo da mediocridade da equipe econômica e do presidente Lula". O parlamentar afirmou que, com uma taxa de juros real ainda acima de 10% ao ano, é inviável, para um país como o Brasil, crescer e se desenvolver.

Maia acrescentou: "É impossível a um país em que dois bancos lucram juntos R$ 10 bilhões ao ano crescer nos níveis que precisa para melhorar a renda". O deputado lembrou que um corte maior nos juros teria um efeito benéfico sobre o câmbio e ajudaria as exportações.

A decisão do Copom frustrou também parlamentares da base de apoio do governo. O deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), um dos vice-líderes do governo na Câmara, afirmou que faltou ao Copom coerência com a realidade econômica. Segundo o deputado, todos os indicadores apontavam para a possibilidade de uma decisão menos conservadora.

Entre esses dados, Albuquerque mencionou, especialmente, o equilíbrio das contas públicas e o controle da inflação. "Não há nenhuma razão, nenhum problema que justifique manter o juro tão alto." Ele considera que o voto de três diretores em favor de um corte de 1 ponto porcentual na Selic foi mais coerente com a realidade. "Seria importante avançar mais neste momento, para dar um oxigênio à economia e melhorar a questão cambial."

Mas o líder do PT na Câmara, deputado Henrique Fontana (RS), considerou um bom resultado o corte de 0,75 ponto porcentual na taxa Selic. "O importante é que a queda continue. Esse corte junto com o crescimento da produção industrial apontam para um crescimento da economia superior a 4%, talvez até 5%", disse Fontana.

Para o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, a decisão do Copom foi excessivamente conservadora. De acordo com ele, o BC perde pontos até com quem tem uma visão complacente com a instituição. Segundo o senador, não há perspectiva de nenhum problema no horizonte impedindo o corte de pelo menos 1 ponto defendido por três diretores do Copom. "Não consigo ver onde haveria fuga de capitais ou inflação de demanda com um corte maior. É um conservadorismo brutal", afirmou Virgílio.