Título: País pode crescer mais de 4%, indica Palocci
Autor: João Caminoto
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/03/2006, Economia & Negócios, p. B5

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse ontem em Londres que "2006 será, com certeza, um ano de forte crescimento". O ministro evitou citar números, mas afirmou que os índices recentes confirmam a previsão do governo de que o este ano será muito parecido com 2004, quando o Produto Interno Bruto (PIB) do País cresceu 4,9%. Questionado sobre a projeção de 4% do Banco Central, Palocci respondeu: "Não acho que é muito otimista. Acho que está dentro do que o BC leva em conta em suas expectativas." A projeção do mercado para o PIB de 2006 é de 3,5% de alta.

"Não falo em números, mas estou muito otimista", disse Palocci, que garantiu estar seguro de que o País está iniciando "um longo ciclo de crescimento". Ao comentar os recentes indicadores de atividade no Brasil, o ministro afirmou que "as taxas de juros estão em queda e a atividade industrial mostra recuperação a partir de novembro do ano passado".

O otimismo de Palocci foi compartilhado pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega. Segundo ele, o crescimento do PIB brasileiro pode ficar entre 4% e 5% este ano. Mantega aproveitou para afirmar que o "espetáculo do crescimento" virá quando o PIB crescer acima de 5%. Tanto Mantega quanto Palocci participaram de um seminário sobre economia brasileira com a presença de mais de 300 investidores britânicos.

SEM RISCO

Sobre as reações dos mercados internacionais nos últimos dois dias, Palocci disse que não há motivo para preocupação. Segundo ele, quando o Federal Reserve anunciou, em 2004, que começaria a mover as taxas de juros nos Estados Unidos, houve uma piora relevante dos mercados e no risco país durante um mês. "Algum deslocamento em ativos importantes, como títulos dos EUA, causam sempre essa piora, mas ela se acomoda em seguida."

Na opinião do ministro, os indicadores da economia mundial são muito fortes. "Não vejo, no curto prazo, nada que possa colocá-los em risco." Ele disse não concordar com a tese de que exista uma "bolha emergente", com valorização excessiva dos ativos desses países. "Esses países estão registrando melhoras estruturais importantes. O Brasil é exemplo disso. Não é bolha, é melhora real."

Ao ser questionado sobre o impacto da valorização do real nas exportações, Palocci disse que "uma moeda forte representa um fortalecimento do País". "Algumas empresas podem ter tido queda das exportações, mas o fato é que o País apresenta 38 meses seguidos de crescimento nas exportações."