Título: SP terá produção de componentes
Autor: Renato Cruz e Ana Paula Lacerda
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/03/2006, Economia & Negócios, p. B10

A americana Smart Modular Technologies inaugurou ontem fábrica de memórias para computadores em Atibaia (SP), o primeiro resultado concreto da política do governo de atrair fábricas de componentes para o Brasil, anunciada em novembro de 2003. Foram investidos US$ 15 milhões.

"Nossos planos não param por aí", afirmou Noboru Takahashi, diretor-presidente da Smart no Brasil. "Vamos trazer outros produtos." A fábrica brasileira tem só a fase final da produção do circuito integrado, chamada encapsulamento. Se tivesse o processo completo, o investimento seria de mais de US$ 1 bilhão. As lâminas de silício, chamadas de "wafers", cortadas e transformadas em chips, são importadas, fornecidas pela Samsung.

A Smart produz, no Brasil, pentes de memória para computadores. Segundo o analista Ivair Rodrigues, da I.T. Data, foram vendidos cerca de 5,6 milhões de microcomputadores no País em 2005. Cerca de 40% das memórias vieram do mercado legal. "A Smart forneceu mais ou menos metade delas", disse Rodrigues.

A unidade fabril tem capacidade para produzir 2 milhões de circuitos integrados por mês. "Só 30% da fábrica está ocupado com máquinas", disse Takahashi. "Temos muito espaço para crescer." A fábrica conta com 100 funcionários. Parte da produção é feita em 2 turnos e outra parte, em 3.

Em meados deste ano, a Smart planeja começar a exportar a partir do Brasil. Eles trabalham para implementar até lá o Recof, regime aduaneiro especial, criado pela Receita Federal, que facilita a importação e a exportação. Ao mesmo tempo, eles trabalham para instalar o software de gestão SAP, que irá integrar a unidade brasileira às outras fábricas da companhia no mundo. "O Recof exige um mínimo de US$ 5 milhões em exportações no primeiro ano e de US$ 10 milhões no segundo", disse o diretor da Smart. "Vamos atingir as metas com tranqüilidade."

Iain MacKenzie, presidente mundial da Smart, afirmou que, depois de estabelecida a fábrica, a companhia pode trazer atividades de pesquisa e desenvolvimento ao País. "O Brasil é parte importante de nossa estratégia", afirmou o executivo.

A Smart já fabricava pentes de memória em Guarulhos (SP), desde 2002. Os circuitos integrados eram importados. Com a inauguração, a unidade de Guarulhos foi desativada. Depois das memórias, a Smart do Brasil planeja trazer novas linhas de produto, para as áreas de telecomunicações e informática. Para sua unidade fabril, a empresa não recorreu a financiamentos governamentais, como linhas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).