Título: Diretor da CUT operaria três fundos de pensão, diz corretor
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/03/2006, Nacional, p. A8

Em depoimento ontem à sub-relatoria de fundos de pensão da CPI dos Correios, o ex-dono da corretora Guaranhuns Lúcio Bolonha Funaro afirmou que o mercado financeiro comenta que João Vaccari Neto, da direção da Central Única dos Trabalhadores (CUT), seria responsável pelas operações dos fundos de pensão Petros, dos funcionários da Petrobrás, Previ, do Banco do Brasil, e Funcef, da Caixa Econômica Federal. Segundo ele, o ex-assessor especial da Casa Civil Marcelo Sereno era apontado como o encarregado de operar no mercado pelos fundos de pensão de menor porte.

Funaro não apresentou nenhuma prova de influência de Vaccari sobre os três fundos de pensão. "Estou apenas falando o que se comenta no mercado. Não estou afirmando nada nem acusando ninguém", frisou ele. "O que ouço no mercado é que o João Vaccari, que foi presidente do Sindicato dos Bancários e é ligado ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e ao governo do PT, seria o responsável pela operação dos fundos Petros, Previ e Funcef. Sereno seria o responsável pela operação dos fundos menores."

No depoimento de mais de três horas, Funaro negou conhecer Sereno e Dirceu. "Nunca falei com o ex-ministro nem com o Sereno." Dirceu teve o mandato de deputado cassado, sob acusação de comandar o esquema do mensalão.

Funaro confirmou ser amigo do ex-deputado Valdemar da Costa Neto, presidente do PL. O ex-parlamentar renunciou para evitar um processo de cassação. Foi via Guaranhuns que o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza repassou cerca de R$ 7 milhões para o PL.

"Nunca fiquei tão surpreso como quando soube da transferência dos recursos do Marcos Valério para a Guaranhuns", disse Funaro. Ele afirmou que não conhece Valério e negou ter recebido recursos da agência SMPB.

Garantiu, ainda, que não tem negócios com fundos de pensão. Funaro, dono da Stockolos, disse que vendeu a Guaranhuns para José Carlos Batista em 2001. Também confirmou que é amigo do operador de mercado Naji Nahas e refutou as suspeitas de que é doleiro.

"Valeu a vinda do Funaro à CPI porque ficou claro, entre outras coisas, que a declaração de Imposto de Renda dele é incompatível com a movimentação", observou o sub-relator de fundos de pensão da CPI, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA). Apesar das negativas de Funaro, a CPI apurou que ele teria dado prejuízo de R$ 100 milhões a fundos de pensão.