Título: Pesquisa mostra que 56% dos brasileiros condenam MST
Autor: Elder Ogliari
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/03/2006, Nacional, p. A16

Ao mesmo tempo que o Movimento dos Sem-Terra (MST) intensifica suas ações por todo o País, o Ibope está divulgando uma pesquisa mostrando que 56% dos brasileiros desaprovam essas ações. De acordo com a maioria dos entrevistados, a invasão de terras tem resultados mais negativos do que positivos na busca da reforma agrária. Na opinião de outros 32% dos entrevistados, os métodos do MST podem ser considerados positivos; e 13% não sabem ou preferem não opinar.

A pesquisa sobre a imagem do MST foi encomendada pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Os pesquisadores, que estiveram nas ruas entre os dias 16 e 20 de fevereiro, ouviram 2.002 pessoas em 142 cidades. Verificaram que, além não aprovar os métodos do MST, a maioria da população teme seus efeitos sobre o processo democrático. Diante da pergunta "na sua opinião, as invasões de terras promovidas pelo MST abalam ou não a democracia brasileira?", 76% responderam positivamente.

A pesquisa também expôs a desconfiança da população sobre os resultados da reforma agrária. Diante da pergunta sobre qual é o destino dado aos lotes dos assentamentos rurais, 57% disseram acreditar que são vendidos ou alugados pelos assentados. Para outros 9% acabam abandonados. Só 26% dos ouvidos acreditam que as famílias beneficiadas permanecem na terra.

Embora discorde dos métodos do MST, a maioria dos entrevistados acredita que seu alvo é de fato a reforma agrária. Diante de uma série de alternativas, na qual podiam assinalar mais de uma resposta, por ordem de importância, 72% disseram que a conquista de terras para trabalhadores pobres é o principal objetivo do movimento. Para 35%, no entanto, a reforma agrária é apenas pretexto para a conquista do poder.

Os pesquisadores do Ibope também perguntaram se o governo deve ou não recorrer à força policial na desocupação das propriedades. Responderam afirmativamente 53% dos entrevistados. Outros 41% disseram não.

Diante de outra lista de alternativas, sobre quem é o maior responsável pelos conflitos no campo, 31% dos entrevistados apontaram o governo federal; outros 16%, o MST; e 15%, os fazendeiros. A Igreja Católica apareceu na lista com 1% do total das respostas.

EROSÃO

Para o presidente da CNA, Antonio Ernesto de Salvo, a pesquisa mostra a necessidade de o governo rever suas prioridades. "Para a opinião pública, os recursos federais não são bem usados", afirmou. "Apenas um entre cada quatro entrevistados acredita que os lotes são usados pelos assentados."

Ainda segundo o líder ruralista, a pesquisa deixou clara a atenção que a população dá à questão, não só como assunto fundiário, mas também de ordem pública. "Quando um quartel é invadido no Rio, o Exército ocupa a favela. Mas quando uma fazenda produtiva é invadida, falam que é uma questão de ordem social."

Esta é a terceira pesquisa encomendada pela CNA sobre o MST. De acordo com Salvo, a imagem do movimento só piora. "A eventual simpatia que eles tinham está erodindo."