Título: Tratado impede país de possuir arma nuclear
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/03/2006, Internacional, p. A18

Como membro da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que busca promover o uso pacífico da energia nuclear, o Irã tem o direito de dominar todo o processo nuclear. Está comprometido, porém, com o uso pacífico dessa tecnologia, pois é signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).

A desconfiança sobre o Irã aumentou em 2003, quando a AIEA comprovou que o país mantinha instalações nucleares secretas, descumprindo seu compromisso de permitir a inspeção de todas as suas atividades. Documentos aos quais a AIEA teve acesso indicam que o Irã buscou com outros países informações sobre produção de armas. Teerã nega e diz que só pretende produzir energia elétrica. Pressionado por americanos e europeus, o Irã concordou em 2003 em congelar seu programa de enriquecimento de urânio e negociar uma alternativa para esse processo.

O urânio com baixo teor de enriquecimento é usado nas usinas de energia elétrica. Para uso em armas, a purificação tem de ser elevada. P eritos internacionais concordam em que o Irã está longe de poder fabricar uma arma nuclear. Está ainda na fase de desenvolvimento do processo de enriquecimento de urânio, que levaria anos para dominar. Avalia-se que seriam pelo menos cinco anos, mas poderia levar até dez anos.

Durante as negociações com os europeus e, depois, com os russos, o Irã insistiu em não abandonar seu direito de dominar essa tecnologia. Tratava-se apenas de uma interrupção temporária das pesquisas enquanto os peritos da AIEA checassem por alguns meses as usinas e outras dependências.

As negociações com os europeus estancaram no ano passado. Houve então nova tentativa de acordo, com base numa proposta da Rússia que previa o enriquecimento de urânio iraniano em usinas russas. Não foi adiante porque o Irã se negou a renunciar ao processo de enriquecimento de urânio. A crise agravou-se em janeiro, quando o Irã informou ter retomado as pesquisas para enriquecimento. Aparentemente, o país só aceitou - em conversações mais recentes - congelar o processo em larga escala por um período de dois anos.