Título: Israel mata três em Gaza em ataque com mísseis
Autor: Expedito Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/02/2006, Internacional, p. A18

Pelo menos três militantes das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa - um braço armado da Fatah - foram mortos e cinco feridos na madrugada de hoje num ataque de helicópteros israelenses, com mísseis, contra uma sede do grupo e um carro no sul da cidade de Gaza. Segundo as forças de Israel, o local atacado era um centro de treinamento das Brigadas, onde eram preparados foguetes lançados contra o sul israelense.

Foi o primeiro ataque de Israel contra a Faixa de Gaza desde as eleições parlamentares palestinas do dia 25, nas quais o grupo islâmico Hamas derrotou a Fatah.

As Brigadas e a Jihad Islâmica não acatam o compromisso de não atacar Israel, pactuado entre os grupos palestinos e o presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmud Abbas, no início do ano passado. Na semana passada, os dois grupos lançaram vários foguetes contra Israel, a partir do norte da Faixa de Gaza. Num ataque da Jihad na sexta-feira, quatro israelenses ficaram feridos.

Liderada por Abbas, a Fatah comanda a Autoridade Palestina desde 1995, mas não conseguiu no último ano impor o cessar-fogo às Brigadas. Sua derrota para o Hamas pode dificultar ainda mais a trégua.

O Hamas, que não aceita a existência de Israel e se recusa a renunciar às ações armadas, tem mantido o compromisso de trégua desde o ano passado.

Ontem, um dos líderes do Hamas, Mahmud al-Zahar, anunciou que o grupo pretende formar "rapidamente" o governo da Autoridade Palestina até o fim do mês. Zahar fez o comentário depois da primeira reunião dos dirigentes do Hamas com Abbas, na cidade de Gaza.

Abbas continuará no cargo de presidente, para o qual foi eleito no ano passado, e se encarregará da política externa. Ele ainda não fez oficialmente o convite ao Hamas para liderar o gabinete, apenas marcou a próxima sessão do Parlamento para o dia 16 e disse que pedirá "a um partido que forme o governo". Por ter maioria das cadeiras, cabe ao Hamas nomear primeiro-ministro e ministros.

O Hamas propôs à Fatah a formação de uma coalizão de governo. No entanto, após a derrota, a cúpula da Fatah decidiu não participar de um gabinete conjunto. O Hamas também estuda convidar políticos independentes e tecnocratas para o governo.