Título: Polícia indicia Delúbio por peculato
Autor: João Unes
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/02/2006, Nacional, p. A6

Ele é acusado de receber salários indevidamente do Estado de Goiás

O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares foi indiciado ontem pelo crime de peculato - apropriação indevida de dinheiro por funcionário público - pelo recebimento de salário como professor da rede de ensino de Goiás enquanto morava em São Paulo e trabalhava para o partido. A Polícia Civil enviou o inquérito ontem à Justiça e ao Ministério Público. A defesa do ex-petista reagiu em seguida, alegando que ele não cometeu crime.

A delegada Jane Melo, da Delegacia de Repressão a Crimes contra a Administração Pública, concluiu, também, que duas ex-presidentes do Sindicato dos Trabalhadores de Educação de Goiás (Sintego) cometeram crime de falsidade ideológica por terem emitido atestados falsos. De acordo com esses documentos, Delúbio teria prestado serviços ao sindicato, em Goiás, de 2001 a 2005.

Segundo Jane ressaltou, porém, ficou comprovado que Delúbio vivia em São Paulo nesse período e trabalhava como tesoureiro do PT, o que o impedia de exercer simultaneamente a função de professor - pela qual recebia cerca de R$ 1 mil mensais. A carga horária atestada nos comprovantes falsos é de 40 horas semanais de trabalho.

Foi indiciada por falsidade ideológica a ex-presidente do Sintego Noeme Diná Silva. A delegada concluiu que ela falsificou os comprovantes de freqüência de Delúbio.

Jane explicou que a outra ex-presidente do sindicato, a atual deputada Neyde Aparecida (PT-GO), também teria assinado os comprovantes de freqüência de Delúbio, mas, como exerce mandato parlamentar, seu indiciamento ainda vai depender de uma representação do Ministério Público ao Supremo Tribunal Federal (STF).

O advogado de Delúbio, Sebastião Ferreira Leite, disse que "não cabe" o indiciamento por peculato. Segundo ele, a delegada busca os holofotes ao anunciar a decisão.

Oficialmente, Delúbio ainda é professor de matemática da rede estadual de Goiás. A demissão, que havia sido anunciada em 9 de janeiro, segue indefinida. O pedido está na Procuradoria-Geral do Estado, à espera de parecer do Gabinete Civil do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).