Título: Para Levy, até o fim do ano podem entrar US$ 4 bi
Autor: Fabio Graner, Adriana Fernandes, Gustavo Freire
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/02/2006, Economia & Negócios, p. B1

Mas secretário diminui impacto da medida nas cotações do dólar

O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, disse que isenção de Imposto de Renda nas aplicações de estrangeiros em títulos públicos federais poderá atrair para o País cerca de US$ 4 bilhões até o final deste ano. O estoque total dos investimentos externos em títulos públicos antes do anúncio da desoneração, de acordo com Levy, estava em torno dos US$ 5 bilhões. Ele não descartou a hipótese de o número dobrar e chegar, no prazo de um ano, aos US$ 10 bilhões.

O secretário procurou diminuir, no entanto, o impacto da desoneração nas cotações do dólar. "Não se deve exagerar a importância de uma medida como essa", disse.

De acordo com Levy, a decisão de não cobrar mais a alíquota de 15% do Imposto de Renda nesses investimento é um "ajuste" ao momento atual de melhora da percepção de risco do Brasil e do quadro fiscal do País. "É uma medida tópica."

Segundo ele, a intenção do governo ao isentar os estrangeiros do IR é criar um ambiente favorável para aproveitar ao máximo a melhora das condições fiscais do País nos últimos anos.

"Essa melhora tem despertado o interesse crescente dos investidores, que apostam no Brasil no médio prazo", afirmou.

Levy observou ainda que vários países do mundo adotam um modelo semelhante de isenção para investimentos externos em títulos emitidos por seus respectivos tesouros.

Hoje, Levy e o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, José Antônio Gragnani, iniciam hoje uma exposição (road show) nos Estados Unidos para apresentar as novidades aos investidores estrangeiros. Eles vão se encontrar com investidores em Miami, Nova York e Washington.

A tranqüilidade de Levy quando ao impacto que a medida terá na taxa de câmbio não é compartilhada pelo economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas. "Essa medida só vai fazer aumentar a entrada de dólares no país."

Com isso, segundo Freitas, a taxa de câmbio tenderia a se apreciar ainda mais e atingir valores que poderiam provocar danos às empresas exportadoras.

Para evitar a valorização exagerada do real, alguns economistas têm sugerido a redução das alíquotas do Imposto de Importaçãos de setores determinados da economia.

Com isso, as importações seriam estimuladas e boa parte dos dólares que vem ingressando no País seria gasta na compra de produtos estrangeiros necessários à produção nacional.

Indagado sobre esta possibilidade, Levy preferiu não fazer maiores comentários. "Esta é uma área que não me diz respeito", disse. Ele salientou que a valorização do câmbio vem sendo ditado pelo comportamento das exportações brasileiras. "A queda do câmbio deve-se ao fato de os agentes econômicos terem uma boa perspectiva em relação às nossas exportações", afirmou.