Título: Gasto com energia cresce 4,6% em 2005
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/02/2006, Economia & Negócios, p. B6

Novos consumidores têm peso na alta, pois indústria avança só 2,4%

O consumo de eletricidade no Brasil cresceu 4,6% em 2005 ante 2004, impulsionado principalmente pelo setor comercial e o acréscimo de residências entre novos consumidores, segundo divulgou ontem a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). A demanda industrial, porém, impediu que o crescimento fosse maior. Ao contrário do ano anterior, quando foi o principal responsável pelo aumento do consumo, elevando a demanda em 7%, o setor industrial registrou fraco desempenho em 2005, crescendo apenas 2,4% entre janeiro e dezembro.

Segundo o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, as dificuldades do agronegócio, da indústria têxtil e calçadista foram os responsáveis pela alta aquém do esperada no setor industrial.

Essa influência pode ser constatada nos números regionais. A Região Centro-Oeste, afetada pela aftosa, foi a única a apresentar queda nesse segmento, de 2,1%, enquanto o Sudeste cresceu 3,2%. A frustração também pôde ser observada no Sul (que teve quebra de safra agrícola), com alta de só 1,1% no segmento industrial.

A categoria que apresentou a maior taxa de crescimento foi a comercial, que corresponde a 16% do mercado. Ela, que reúne comércio e serviços, teve acréscimo de 7,2% no Brasil e chegou a 9,1% no Nordeste.

Segundo Tolmasquim, a demanda do comércio foi impulsionada principalmente pelo segmento de turismo e o aumento nas atividades portuárias (relacionadas ao comércio exterior), além do processo de expansão e modernização. "Estima-se que a receita com turismo tenha alcançado em 2005 cerca de US$ 4 bilhões. Isso exige consumo maior de energia em hotéis e restaurantes. O Nordeste é a região que teve o maior crescimento."

Já a expansão no segmento residencial, de 5,4%, pode ser atribuída ao aumento do número de residências com eletricidade, já que o consumo per capita passou de 140 kWh por mês em 2004 para 142 kWh por mês no ano passado, ambos bem inferiores ao consumo médio de antes do racionamento, que estava próximo a 180 kWh por mês. Dados da EPE apontam que houve acréscimo de 1,7 milhão de consumidores residenciais em 2005 ante 2004, atingindo a 48,5 milhões de unidades consumidoras.