Título: IPC-Fipe vai a 0,5%, mas é o menor de janeiro em 5 anos
Autor: Francisco Carlos de Assis, Célia Froufe
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/02/2006, Economia & Negócios, p. B4

Queda nos alimentos e em vestuário provocou inflação mais baixa do que o esperado no primeiro mês do ano

A taxa de inflação apurada em janeiro na cidade de São Paulo pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC-Fipe), de 0,5%, é a menor para o primeiro mês do ano desde 2001, embora superior à de 0,29% de dezembro, O grupo Alimentação, que nos últimos anos tem sido um dos vilões da inflação em janeiro por causa das variações climáticas apresentou queda de 0,21% no mês passado. Já o grupo Vestuário caiu 0,23% no período.

O resultado surpreendeu o próprio coordenador do índice, Paulo Picchetti. Ele projetava 0,60% para período, já maior do que a primeira estimativa, de 0,45%. A diferença entre as duas estimativas foi provocada pelo repique de alguns preços nas primeiras semanas do mês. "Mas todos ficamos favoravelmente surpresos com a inflação fechada de janeiro", afirmou.

Segundo o coordenador, a diferença entre a sua previsão e a do mercado financeiro (que ia de 0,55% a 0,70%, de acordo com pesquisa da Agência Estado) e o resultado efetivo foi atribuída principalmente à desaceleração de três itens que fecharam o mês mais baixo do que o esperado inicialmente: viagem, educação e alimentação.

"Esta inflação de janeiro é um dos números que mostram que o começo do ano deu um susto em relação aos preços, mas a alta ficou contida nas primeiras semanas. Não é uma tendência para o resto do ano."

O núcleo do IPC-Fipe subiu para 0,23% em janeiro ante uma alta de 0,19% em dezembro do ano passado. Na comparação com os dois últimos levantamentos deste ano, no entanto, mostrou uma desaceleração, já que estava em 0,29% na segunda quadrissemana do mês e em 0,27% na terceira.

Com exceção do índice de preços administrados, que avançaram de 0,25% para 0,28% da terceira pesquisa de janeiro para o fechamento do mês, todos os índices desagregados da Fipe mostraram desaceleração.

A elevação dos administrados ocorreu, segundo Picchetti, por causa dos reajustes dos preços dos planos de assistência médica. Em fevereiro, ele acredita que a inflação deve ficar "muito perto de zero". Sua primeira estimativa para o mês é de que o IPC apresente alta de apenas 0,1%, ante o 0,5% de janeiro. Segundo o coordenador, as pressões no primeiro mês do ano (Educação, Viagens e Álcool) devem desaparecer este mês, que também deverá ser beneficiado pela continuidade da deflação do grupo Alimentação.