Título: Bradies são herança do calote
Autor: Rita Tavares
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/02/2006, Economia & Negócios, p. B6

Em 1987, o governo brasileiro declarou moratória da dívida externa e suspendeu os pagamentos dos empréstimos que havia tomado de bancos estrangeiros. O País ficou isolado, sem acesso ao mercado internacional de crédito. Assim como o Brasil, muitos outros países na América Latina tiveram de administrar crises da dívida nos anos 80. Para abordar esse problema, nos anos 90, foi implementado o chamado Plano Brady (do então secretário do Tesouro dos EUA, Nicholas Brady), para reestruturar e reduzir a dívida de vários países que haviam dado calote nos anos 80. O plano converteu as dívidas que esses países mantinham com bancos em títulos que seriam negociados no mercado internacional, os chamados bradies.

O Brasil aderiu ao Plano Brady em 1994, emitindo US$ 50 bilhões em títulos bradies. O principal brady (com maior volume de negociação) era o C-Bond. Ele foi por muito tempo o título mais negociado entre todos os papéis de dívida de emergentes. Os bradies são, portanto, uma herança do calote, da crise da dívida. A recompra ou quitação dos bradies melhora a percepção de risco que se tem do Brasil. Hoje, o título mais negociado da dívida externa brasileira é o Global 40, que foi lançado em agosto de 2000.