Título: 'Fim das arrancadas e freadas'
Autor: Rita Tavares
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/02/2006, Economia & Negócios, p. B6

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, disse ontem que a recompra dos títulos bradies faz parte de uma série de ações com o objetivo de tirar partido do ambiente internacional favorável e da melhora de fundamentos da economia brasileira.

Essas medidas, explicou, reforçam os fundamentos brasileiros para criar condições de crescimento sustentado da economia e também do emprego. "Para que o País possa sair mesmo daquele padrão de arrancadas e freadas em que ficou durante muito tempo", destacou.

"O Brasil está se movendo em uma trajetória de crescimento sustentado e a expectativa é que esteja em cima da média dos últimos anos", disse o presidente do BC. Ele também lembrou a melhora da confiança do consumidor.

O presidente do BC assinalou que o Brasil teve um bom ano em termos de crescimento em 2004 e observou que o ano de 2005 representou um período de ajuste. No entanto, o ponto central, acrescentou, "é que os fundamentos prevaleceram". "É possível, agora, ver um rápido aumento na confiança do consumidor."

Ele afirmou que a característica de "altos e baixos" da economia não está mais presente. "Agora, estamos nos movendo em um padrão constante", disse, ao comentar que "é importante mover-se tão rapidamente quanto consigamos". "Mas é importante permanecermos na estrada e não nos acidentarmos", acrescentou.

Henrique Meirelles complementou que o Brasil aproveitou o cenário externo para melhorar fundamentos, de forma a melhorar também a confiança e empresas e consumidores.

CÂMBIO

O presidente do BC destacou a melhora das reservas internacionais, que em abril de 2003 estavam em US$ 16,9 bilhões e passaram para US$ 57 bilhões em fevereiro de 2006.

Indagado sobre a dificuldade do setor exportador com a valorização do real, Meirelles respondeu: "Está claro, hoje, que os governos não controlam todos os preços, muito menos taxa de câmbio, na vasta maioria dos países", observou.

Para ele, se o saldo da balança comercial começar a cair, o mercado vai ajustar o câmbio sozinho. E afirmou que as intervenções do BC no câmbio não visam a determinar o preço da moeda.

"Não temos meta para o câmbio'', reiterou. "Temos como objetivo melhorar os fundamentos e reduzir riscos. Por meio do aumento das reservas e da redução da relação dívida/PIB é possível perceber pelo mercado que o Brasil está sendo bem-sucedido."

Ele afirmou que o risco está declinando. "É evidente que há um custo, mas é um custo de segurança, em caso de acidente", afirmou.