Título: Em 3 anos, empréstimos avançam 60%, mas spread tem ligeira queda
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/02/2006, Economia & Negócios, p. B10

Os bancos praticamente não reduziram os spreads (diferença entre o custo de captação de recursos e as taxas de juros cobradas dos clientes) no governo Lula, apesar do forte crescimento do mercado de crédito. De janeiro de 2003, quando o presidente assumiu o cargo, até o mês passado, o spread bancário recuou de 31,7% para 29,6% ao ano, enquanto o estoque de operações de crédito saltou 60% - passou de R$ 378,3 bilhões para R$ 606,8 bilhões. Mesmo descontando a inflação de 24,3% do período calculada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a demanda por financiamentos bancários ainda apresenta crescimento de 29%.

De acordo com Júlio Sérgio Gomes de Almeida, diretor-técnico do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), autor do estudo comparando as taxas cobradas pelos bancos com a expansão do mercado, a manutenção dos spreads elevadíssimos tem garantido lucros recordes nos balanços dessas instituições.

Nos três anos do atual governo, os cinco maiores bancos tiveram lucro líquido 28% superior ao obtido nos oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso, conforme levantamento da consultoria Economática, divulgado ontem pelo Estado.

"Como a demanda por crédito aumentou bastante e o spread baixou quase nada, os bancos lucraram demais", afirma Almeida.

Esse descompasso afetou mais as empresas do que as pessoas físicas. No caso das empresas, o spread está em 14,5% ao ano, ante 14,9% no primeiro mês do governo Lula. Nesse mesmo período, o crédito tomado pelas empresas teve crescimento real de 9%. Para os consumidores, o crescimento chegou a 64%, mas a redução do spread foi bem menor: de 56% para 44% ao ano.