Título: Virgílio reage a presidente e diz que PT atual rouba
Autor: Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/02/2006, Nacional, p. A5

O PSDB recebeu como elogio a ironia do presidente Lula que, em entrevista exclusiva ao Estado, comparou o partido ao PT dos anos 80, ao comentar as dificuldades dos tucanos para definir o nome do candidato ao Planalto. "Realmente estamos mais perto do PT dos anos 80, quando não havia roubalheira, corrupção e mensalão", afirmou o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). "É até com alegria que recebo essa constatação do presidente".

Para o líder tucano na Câmara, Jutahy Júnior (BA), Lula está certo ao recorrer ao PT dos anos 80 na comparação. "O PSDB parece é com aquele PT ético, sério e preocupado com o País. E estamos tão preocupados com o Brasil que não queremos a reeleição de Lula", disse.

O deputado Alberto Goldman (SP) foi irônico: "Eu não imaginava que o presidente Lula tivesse uma opinião tão contrária do PT dos anos 80. Naquela época o PT era formado por gente séria e honesta." O PT, na avaliação de Goldman, se transformou em um partido de pessoas que visam "apenas à manutenção no poder para usufruir desse poder".

"Naquela época, o PT pretendia mudar a sociedade; hoje transformou o Brasil no paraíso dos bancos", completou o deputado, ao destacar o lucro do setor durante o governo Lula. "O faturamento dos bancos foi três vezes mais do que os gastos com o Programa Bolsa Família no ano passado. É essa a distribuição de renda do governo petista."

Ao mesmo tempo em que disseram gostar da comparação com o chamado PT ético, os tucanos reagiram negativamente à afirmação do presidente Lula de que o PSDB está "confuso". Como o PT dos anos 80, os tucanos viveriam uma divisão interna importante - a dificuldade de escolher entre o prefeito José Serra e o governador Geraldo Alckmin para ser seu candidato à Presidência.

CONFUSÃO

"Quem anda fazendo confusão é o presidente Lula, que está desobedecendo à lei e antecipando a propaganda eleitoral", afirmou Arthur Virgílio. "Não há confusão nenhuma. O presidente Lula pode ficar tranqüilo, pois vamos anunciar nossa decisão no momento certo", emendou o senador tucano Antero Paes de Barros (MT).

"Estamos a oito meses das eleições e, em segundo lugar, partido não é uma empresa familiar em que o chefe chega e diz o que se faz e o que não se faz", acrescentou Goldman. Para contestar Lula, o deputado disse que a falta de decisão não significa que o partido esteja confuso.

"Uma decisão partidária pressupõe um processo interno de discussão. No PSDB não tem imperador nem papa", afirmou o deputado. A mesma opinião foi demonstrada pelo líder Jutahy, para quem o PSDB sairá unido do processo de escolha.