Título: EUA liberam acesso de CPI dos Correios aos sigilos de Duda
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/02/2006, Nacional, p. A12

A CPI dos Correios conseguiu ontem autorização da Justiça dos Estados Unidos para ter acesso aos documentos com a quebra do sigilo bancário e fiscal do publicitário Duda Mendonça no exterior. Apenas quatro integrantes da CPI poderão consultar a papelada: o presidente da Comissão, senador Delcídio Amaral (PT-MS); o relator, Osmar Serraglio (PMDB-PR); e os dois relatores adjuntos, Eduardo Paes (PSDB-RJ) e Maurício Rands (PT-PE).

A papelada havia sido enviada há três meses pela Promotoria Distrital de Nova York para o Ministério da Justiça e o Ministério Público. Mas os documentos não foram compartilhados com a CPI dos Correios porque as autoridades norte-americanas temiam o vazamento das informações.

Agora, a cúpula da Comissão vai solicitar ao Ministério da Justiça e ao Ministério Público a análise já feita nos documentos com a quebra do sigilo da conta Dusseldorf, de Duda Mendonça. Em agosto do ano passado, quando depôs na CPI dos Correios, o publicitário confessou ter recebido nessa conta R$ 10,5 milhões, referentes ao pagamento de parte da campanha de 2002 do PT nacional.

SERENO CONVOCADO

A cúpula da CPI dos Correios decidiu convocar para depor, no início de março, o ex-assessor especial da Casa Civil Marcelo Sereno. Ele será questionado sobre suas relações com corretoras e dirigentes de fundos de pensão. A um mês da apresentação do relatório final, os integrantes da comissão pretendem também ouvir os depoimentos do publicitário Duda Mendonça e de Lúcio Bolonha Funaro, ex-dono da corretora Guaranhuns.

A agenda que está sendo elaborada pela CPI dos Correios prevê o depoimento de Sereno entre os dias 7 e 9 de março.

Nos dois primeiros anos de governo Lula, Sereno foi braço direito do ex-ministro José Dirceu. Em depoimento na semana passada à CPI dos Correios, Murilo de Almeida Rego, filho de Haroldo de Almeida Rego, afirmou que é amigo de Sereno. Antes, Christian de Almeida Rego, irmão de Murilo, já havia confirmado ter relações com o ex-assessor da Casa Civil. Haroldo Rego e seus filhos são suspeitos de terem feito operações fraudulentas com fundos de pensão patrocinados por estatais.

A CPI dos Correios investiga se o esquema que seria operado pelo grupo de Rego tem algum envolvimento com Marcelo Sereno. A comissão quebrou os sigilos bancário, fiscal e telefônico de 14 fundos de pensão de estatais e cerca de 30 corretoras de valores, além de uma série de pessoas físicas. Já descobriu operações financeiras que se desdobraram em prejuízos de R$ 729 milhões só na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F).

Apontado como doleiro, Lúcio Funaro comprometeu-se a comparecer à CPI na primeira semana de março. Em três ocasiões anteriores, ele faltou a depoimentos marcados com antecedência.