Título: Ministro do Trabalho afasta 12 por suspeita de corrupção
Autor: Vânia Cristino
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/02/2006, Nacional, p. A14

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, anunciou ontem o afastamento de 12 funcionários do ministério por suspeita de irregularidades no setor de informática. O ministro disse que exonerou dois funcionários comissionados e afastou um servidor de carreira, além de oito funcionários terceirizados da empresa Politec, em agosto do ano passado. Nesta semana, o secretário-executivo, Alencar Ferreira, também pediu demissão.

Sobre esses funcionários pesa a suspeita de que tentaram se aproveitar da função para tirar vantagens indevidas. Eles tentaram vender para a empresa de tecnologia Cobra, contratada para montar o sistema de informática do Programa Primeiro Emprego, facilidades para o desenvolvimento do produto pelo qual ela tinha sido contratada. O ministério apurou que a Cobra teve dificuldades para cumprir as exigências feitas pelos próprios envolvidos que tentavam, ao mesmo tempo, obter vantagens financeiras vendendo "as soluções" encontradas por eles.

Até o ex-secretário executivo Alencar Ferreira consta do relatório de sindicância que ele mesmo tinha mandado instaurar no ano passado. Alencar, um funcionário de carreira do Banco do Brasil levado ao Executivo pelo ex-titular da pasta deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), foi substituído por Marco Antônio Oliveira, que era chefe de gabinete de Marinho. O setor de informática é subordinado à secretaria-executiva.

Foi o próprio ministro quem decidiu pela divulgação da investigação, até então sob sigilo, que começou em agosto de 2005, quando o ministério recebeu uma denúncia anônima. Marinho disse que tomou essa decisão a contragosto, depois que foi procurado por uma revista semanal para se pronunciar sobre a questão. "O ministério está apurando supostas irregularidades e o caso está sob sigilo até mesmo para proteger a imagem das pessoas que podem ser inocentes", argumentou. Marinho disse que a saída de Alencar não tem ligação direta com a investigação.

"Ele colocou o cargo à disposição assim que assumi, tomou todas as providências administrativas em relação ao assunto e só ficou até hoje porque eu pedi", frisou o ministro.

Marinho afirmou que a sindicância, instaurada em setembro, foi concluída. Mas a corregedoria do ministério considerou o resultado da investigação frágil porque muitas pessoas, inclusive o secretário-executivo, não tinham sido ouvidas. "Resolvi determinar a continuidade da sindicância, o ministro Waldir Pires (da Controladoria-Geral da União) já foi informado e também a Procuradoria Geral da República", adiantou.

Por enquanto, de acordo com técnicos do ministério, não se tem notícia de que a empresa Cobra ou seus fornecedores tenham pago alguma coisa por fora do contrato para os funcionários sob suspeita.