Título: À PF, Valério nega ter bancado caixa 2 na estatal
Autor: Ana Paula Scinocca, Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/02/2006, Nacional, p. A10

O empresário Marcos Valério de Souza negou ontem, em depoimento à Polícia Federal (PF), que tenha sido um dos financiadores do caixa 2 de Furnas. A estatal, de acordo com um dossiê obtido pela PF, teria financiado as campanhas de 156 políticos de diversos partidos, em 2002, com recursos não contabilizados, num montante de cerca de R$ 40 milhões, bancados por empreiteiras, bancos, fundos de pensão e fornecedores de bens e serviços.

À saída do depoimento, que durou três horas, Valério disse que nunca trabalhou para Furnas, nem conhece o ex-diretor da estatal Dimas Toledo, cujo nome aparece no dossiê como autor da lista e operador do esquema de captação e distribuição do caixa 2 com os políticos. "Não conheço Dimas, nunca prestei serviços a Furnas e por isso não posso dizer se a lista é autêntica ou não", afirmou.

Acusado de ser o operador do mensalão, Valério ratificou o teor de todos os depoimentos anteriores, nos quais confessou sua participação no episódio. Ele disse também que já havia adotado o mesmo esquema em outras épocas, como nas eleições para o governo de Minas, em 1998.

Valério reafirmou à PF ter mandado, na ocasião, R$ 9 milhões para a campanha do deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG) ao governo de Minas. Desse total, segundo o empresário, R$ 4,5 milhões teriam sido entregues ao publicitário Duda Mendonça, como pagamento de serviços, por intermédio do coordenador da campanha, Cláudio Mourão.

Valério disse aos jornalistas ter certeza de que será indiciado no inquérito do mensalão, que será encaminhado no próximo dia 15 ao Supremo Tribunal Federal (STF). "Certamente eu vou ser indiciado, punido, mas vou me defender na Justiça".