Título: Ex-governador nega ter usado nome de Quércia indevidamente em São Paulo
Autor: Ricardo Brandt
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/02/2006, Nacional, p. A6

O ex-governador do Rio Anthony Garotinho, pré-candidato do PMDB à Presidência, negou ontem que tenha usado indevidamente o nome de Orestes Quércia em sua campanha no PMDB paulista. "Fiz reuniões com o PMDB em São Paulo, que tem um candidato ao governo do Estado", afirmou.

"Não podia pedir votos para o governador Geraldo Alckmin (PSDB). Ia pedir votos para o José Aníbal (pré-candidato tucano ao governo paulista)? Para o senador Eduardo Suplicy (PT)? Vou continuar pedindo voto. Mas meu candidato a governador é Orestes Quércia."

Garotinho procurou minimizar o lançamento da pré-candidatura à Presidência do governador gaúcho, Germano Rigotto. Ele disse que Rigotto "não é adversário, é concorrente", mas ironizou a possibilidade de o oponente, se for vitorioso nas prévias de 19 de março, acabar desistindo de disputar a eleição presidencial em nome de uma aliança. "Não creio que o governador Rigotto se preste a uma candidatura 'barriga de aluguel. Ele é um homem sério", afirmou. "A candidatura dele é muito importante para mim, por viabilizar as prévias."

Mesmo dizendo que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, tem direito a tentar se candidatar a presidente, Garotinho criticou o ministro por seus últimos pronunciamentos e atitudes, que considerou "muito políticos".

Para o pré-candidato, Jobim corre o risco de, se vier a se lançar candidato, passar para a população a impressão de que tomou decisões "mais políticas do que jurídicas". O presidente do STF fez um discurso defendendo a governabilidade e deu liminar impedindo a quebra, pedida pela CPI dos Bingos, do sigilo bancário de Paulo Okamotto, amigo do presidente Lula.

"O eleitor é muito atento", disse Garotinho. "Está percebendo quantas liminares foram dadas contra a quebra de sigilo de pessoas próximas ao PT ou ao presidente Lula. Se amanhã Jobim vier a ser vice de Lula, alguém pode questionar se não foi premeditado", argumentou. "Não creio, acho o ministro um homem sério. Mas à mulher de César não basta ser honesta, tem que parecer honesta. No caso de um juiz, não basta ser isento, tem de parecer isento."