Título: Juro cai 1 ponto no próximo mês, prevê Bernardo
Autor: Evandro Fadel
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/03/2006, Economia & Negócios, p. B4

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse ontem em que tem "certa expectativa" de que na próxima reunião do Comitê de Política Econômica (Copom) possa haver redução em 1 ponto porcentual na taxa básica de juros, em razão dos três votos favoráveis a esse índice na última reunião. "Particularmente, eu gostaria muito." Bernardo esteve em Araucária, região metropolitana de Curitiba, onde participou de um fórum de gestores federais na Refinaria Getúlio Vargas.

O ministro ressaltou que, em razão da pressão que o Copom já sofre normalmente, não é bom que membros do governo ajudem a aumentá-la. "Por isso tenho me pautado com prudência", salientou. "A impressão é que o Copom optou por diminuir a taxa em 0,75 ponto porcentual porque isso dá condições de continuar tranqüilamente, e eu apostaria que vai continuar em queda nas próximas reuniões."

Segundo ele, à primeira vista uma redução mais significativa seria boa num ano eleitoral. Mas lembrou que em 2002 havia um processo de diminuição da taxa básica de juros. "Em determinado momento, fizeram um movimento mais brusco, que foi entendido como um movimento eleitoral, e o mercado aumentou a taxa de juros." Para Bernardo, é importante o balizamento feito também pelo mercado, e hoje as taxas são inferiores àquela que o Copom define. "Isso ajuda o Banco Central a continuar reduzindo de maneira sustentada", afirmou.

Bernardo não demonstrou nenhuma preocupação em relação aos dados de janeiro do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontaram um decréscimo de 1,3% na atividade industrial, em relação a dezembro. " Não tenho dúvidas de que este ano teremos crescimento superior na indústria e no PIB de modo geral", acrescentou. "Diminuiu em janeiro, mas os dados do ano passado indicam crescimento muito acima da média do PIB."

Como exemplo, o ministro citou a indústria da construção civil, para a qual estão previstos investimentos de R$ 18,7 bilhões. "O que vai ajudar no crescimento econômico de maneira sustentada é ter previsibilidade, saber o que vai acontecer neste ano e no ano que vem."