Título: Previdência privada cresce menos
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/02/2006, Economia & Negócios, p. B2

As aplicações em entidades abertas de previdência privada atingiram R$ 3,3 bilhões em dezembro, um recorde histórico. Mas o ritmo de crescimento do setor em 2005 foi inferior ao dos anos anteriores, o que se explica pelas dificuldades da classe média de fazer poupança numa fase de baixo crescimento econômico e pela pequena receptividade aos estímulos fiscais oferecidos pelo governo. Em 2005, a captação líquida de recursos atingiu R$ 19,5 bilhões, ante R$ 18,7 bilhões em 2004, segundo a Associação Nacional da Previdência Privada (Anapp). O número absoluto é elevado, mas a evolução em relação a 2004 foi de apenas 3,9%. Entre 2000 e 2004, a taxa anual de crescimento dos depósitos oscilara entre o mínimo de 28,34% em 2002 e o máximo de 55,05% em 2003. Em 2004, a evolução positiva foi de 28,4%. As aplicações em previdência privada, aberta ou fechada (fundos de pensão), interessam seja às pessoas físicas, que assim procuram não depender apenas da Previdência Social no futuro, seja ao governo e às empresas, que se financiam vendendo títulos e ações aos fundos de previdência. Por isso, em 2005 o governo mudou as regras do setor, reduzindo o Imposto de Renda (IR) para todos os que se dispuserem a não retirar recursos antes de decorridos dez anos, quando a alíquota do IR cai para 10% do valor das retiradas, o que tende a dar mais estabilidade às carteiras. O aspecto positivo evidenciado no balanço da previdência aberta em 2005 foi que o número de novos participantes cresceu 24% - de 262,2 mil em 2004 para 325,2 mil no ano passado. E os planos corporativos cresceram de 120,6 mil para 147,8 mil no mesmo período, mostrando que mais empresas se interessam por oferecê-los ao seu pessoal. O número total de participantes da previdência aberta evoluiu de 6,77 milhões em 2004 para 7,34 milhões em 2005. Mas há bom potencial de crescimento, pois 45 milhões de pessoas trabalham sem contribuir para a Previdência Social e, em tese, só terão aposentadoria por meio de plano privado. O patrimônio das entidades abertas aumentou 23,45%, passando de R$ 65,9 bilhões em 2004 para R$ 81,4 bilhões em 2005. O porcentual de aumento superou o dos depósitos e sugere que, na média, a rentabilidade das carteiras foi satisfatória. A partir deste ano, com a queda da Selic, os benefícios tributários serão mais importantes do que o juro para atrair aplicadores, admite o presidente da Anapp, Osvaldo do Nascimento.