Título: Sharon é submetido a nova cirurgia
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Fonte: O Estado de São Paulo, 12/02/2006, Internacional, p. A14

Primeiro-ministro de Israel está fora de perigo imediato depois de operação no intestino, segundo médicos

O primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, em coma há cinco semanas desde que sofreu um derrame, foi submetido ontem de manhã a uma cirurgia de emergência depois que uma tomografia computadorizada revelou problemas em seu aparelho digestivo.

Num boletim divulgado à tarde, o diretor do Hospital Hadassah, Shlomo Mor-Yosef, informou que Sharon, de 77 anos, estava em estado crítico, mas sua condição era estável e não havia uma ameaça imediata à vida do primeiro-ministro. Pela manhã, os médicos tinham informado que a vida de Sharon corria perigo.

Mor-Yosef também informou que durante a cirurgia, que começou às 11 horas locais e durou cerca de quatro horas, os médicos retiraram cerca de 50 centímetros do intestino de Sharon, permitindo o restabelecimento da circulação sanguínea intestinal após o fechamento de uma artéria.

Os filhos de Sharon, Omri e Gilaad, assim como seus principais colaboradores no governo - Dov Weissglass, Ilan Cohen e Lior Horev - chegaram ao hospital logo após serem informados do súbito agravamento de seu estado de saúde.

Esta foi a sétima cirurgia à qual Sharon foi submetido desde que foi internado em 4 de janeiro. Segundo a porta-voz do Hospital Hadassah, a restrição de fluxo sanguíneo poderia causar a necrose ou morte de células ou tecidos no intestino.

O sistema político de Israel tem-se mantido estável apesar do afastamento do político mais popular do país e da proximidade das eleições que devem ocorrer daqui a seis semanas. O vice de Sharon, Ehud Olmert, assumiu o poder, como primeiro-ministro e líder do novo partido centrista Kadima.

No ano passado, Sharon retirou cerca de 8.500 colonos israelenses da Faixa de Gaza e de quatro colônias na Cisjordânia. A medida atraiu elogios internacionais para Sharon, mas também críticas em Israel, principalmente dos conservadores do governista Partido Likud. Alegando que seu próprio partido dificultava o avanço do plano de paz, Sharon abandonou no fim do ano passado a liderança do Likud e criou o Kadima, com o qual pretendia concorrer às eleições de 28 de março.