Título: FAB investe US$ 100 milhões em mísseis
Autor: Roberto Godoy
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/02/2006, Nacional, p. A13

Comando já fechou o primeiro contrato de cooperação com a aviação militar da África do Sul, de US$ 52 mi

O Comando da Aeronáutica vai investir cerca de US$ 100 milhões no desenvolvimento do míssil ar-ar A-Darter, em cooperação com a aviação militar da África do Sul. Outros US$ 24 milhões estão sendo gastos na compra de 9 caças supersônicos F-5E/F usados, que serão modernizados pela Embraer. Os jatos virão da Arábia Saudita.

Os primeiros US$ 52 milhões destinados aos novos mísseis já estão oficializados por meio de um contrato firmado entre o Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento (Deped) e a Armscor, de Pretória. Duas empresas estão envolvidas no programa: a brasileira Mectron e a sul-africana Denel Aerospace. Segundo o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luis Carlos Bueno, o empreendimento faz parte de um projeto destinado a obter auto-suficiência na tecnologia de mísseis leves.

Ainda não foi decidido quantos A-Darter serão encomendados. Um grupo de especialistas do Deped e da Mectron está discutindo em Pretória o cronograma de produção, testes e entregas.

A compra dos caças sauditas pela Força Aérea Brasileira (FAB) abrange 9 supersônicos F-5 dos tipos E (6 unidades de ataque) e F (3 unidades de ataque/treinamento). Usados, os aviões foram comprados a um preço baixo - US$ 2,6 milhões cada.

Todos passarão pelo procedimento de modernização que está sendo aplicado aos outros 46 jatos do mesmo tipo utilizados pela FAB. A revitalização, feita pela Embraer e pela israelense Elbit, dá aos caças de 30 anos de idade as características operacionais de algumas aeronaves de combate em uso, por exemplo, em países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

O pacote de aperfeiçoamento da frota ainda não está completo. A FAB quer mais dois F-5E Tiger II e estuda criar um mecanismo que permita adquirir pelo menos mais 25 supersônicos ao longo dos próximos anos, de forma a dispor de 80 caças convertidos na versão F-5M Tigre, até 2009. Essa configuração terá vida útil até 2025, pelo menos.

MÍSSIL AVANÇADO

O A-Darter a ser desenvolvido pelo Brasil e pela África do Sul é uma arma moderna, da quinta e mais recente geração de mísseis interceptadores de curto alcance. Compacto (2,93m x 0,49m), pode ser direcionado pelo radar de bordo do avião lançador ou pelo visor digital do capacete do piloto. Dispõe de sensores próprios de busca e é atraído pelo calor do alvo.

De acordo com o engenheiro Patrício Umango, da Denel Aerospace, o desempenho aerodinâmico do A-Darter "permite que realize manobras de grande exigência, anulando os esforços de fuga de um provável adversário".

Umango disse que o acordo com o Brasil prevê o fornecimento de outro míssil, o R-Darter, efetivo na faixa superior a 50 quilômetros. Neste projeto, a parceria industrial continuaria sendo com a Mectron, de São José dos Campos, construtora do MAA-1 Piranha, o primeiro míssil brasileiro.