Título: Serra ou Alckmin? PSDB empurra decisão para terça
Autor: Carlos Marchi e Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/03/2006, Nacional, p. A6

Após reuniões com o governador Geraldo Alckmin e com o prefeito José Serra, o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati, disse em São Paulo que o anúncio formal do candidato tucano à Presidência será feito terça-feira, dia 14. Depois da reunião com o triunvirato que coordena a escolha, o governador Alckmin disse que o processo de decisão "está 90% definido, faltando apenas ajustes finais". Um integrante do triunvirato confidenciou a um amigo que a solução se encaminha para a "fórmula paulista" - Alckmin para presidente e Serra para governador do Estado.

Depois de conversar com Alckmin, o triunvirato - o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador Aécio Neves e o senador Tasso Jereissati, presidente do PSDB - falou com o prefeito Serra e ouviu dele que seu ânimo continua sendo de disputar a Presidência, porque se vê com mais chances do que Alckmin para vencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas ao final ele admitiu estudar a hipótese da candidatura ao governo estadual e pediu prazo até terça-feira para dar uma resposta.

REELEIÇÃO

Na conversa com o triunvirato, Alckmin tomou a iniciativa de se dizer maleável a um acordo para acabar com a reeleição. No encontro que teve anteontem, a sós, com Serra, ele também lançou a idéia, o que agradou ao prefeito. Até aqui Alckmin não tocara no tema, o que incomodava muito os que se colocam na fila de futuros candidatos presidenciais tucanos.

Aliados de Serra afirmaram que na madrugada e na manhã de ontem ele revelou a alguns amigos que o prazo final que o triunvirato lhe dera se esgotou anteontem. Aos mesmos amigos, revelou que nos últimos dias esteve sob intensa pressão para aceitar a candidatura ao governo estadual e que não estava desprezando a hipótese.

Na reunião com o triunvirato, à tarde, ele disse que aceitaria ser candidato à Presidência "se esta fosse a vontade do partido", o que, segundo serristas, teria adiado o anúncio do nome para terça-feira, a tempo de ouvir novamente lideranças partidárias. Um dos membros do triunvirato disse em conversas reservadas que Serra aceitou estudar a hipótese de ser candidato ao governo estadual e que pediu prazo até a terça-feira para responder. A um aliado, à noite, Serra negou categoricamente que sua eventual candidatura ao governo estadual tenha sido tratada no encontro com o triunvirato.

NOVA CONVERSA

Fontes do PSDB disseram que Alckmin e Serra já agendaram uma nova conversa a sós para segunda-feira e que ambos consideraram muito satisfatório o primeiro encontro que tiveram. Serra confessou a Alckmin que se sentiu constrangido com a situação posta, de tal forma que, para fazer-se candidato, teria de "derrotar" o governador, o que deixaria um travo amargo entre os dois. Alckmin lhe disse que, se Serra fosse indicado, se empenharia de corpo e alma na campanha. Com esses agrados iniciais, os dois abriram caminho para uma nova conversa e ambos revelam esperança de resolverem eles mesmos o processo. "Se até terça os dois não conseguirem um acordo, a direção arbitra", disse um importante líder tucano.

Aécio revelou após a conversa com Serra que passará o fim de semana ouvindo governadores e lideranças nos Estados. "Os elementos estão colocados e estou convencido que na terça-feira a decisão atenderá a todo o partido e consolidará a unidade e, mais importante do que isso, se dará a grande largada para a vitória", afirmou o governador. "O PSDB não precisa definir seu candidato ou sua estratégia em razão da vontade dos outros. Não há ainda confirmação oficial da candidatura de qualquer outro partido."