Título: Pré-candidatos do PMDB vêem trama contra prévia
Autor: Thiago Velloso
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/03/2006, Nacional, p. A6

Os pré-candidatos do PMDB à Presidência, Germano Rigotto (RS) e Anthony Garotinho (RJ), acusaram ontem o governo federal e o PT de se mobilizarem para evitar a realização da prévia do partido, marcada para o dia 19 deste mês.

Durante reunião em São Paulo com o presidente do partido, Michel Temer, na qual foi reafirmada a tese da candidatura própria, ambos atacaram o governo e o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo eles, o PT e o Palácio do Planalto estão articulando um movimento dentro do PMDB para tentar mudar a data da eleição interna da legenda.

"Eu vejo nitidamente a mão oculta do PT e do governo, patrocinando esse movimento dentro do PMDB. O PT sabe que está desgastado e não quer um candidato que represente uma nova opção para o País", afirmou Garotinho. Para ele, a manobra de adiamento representa "uma quartelada, um golpe dentro do PMDB".

O governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, foi mais longe. Afirmou que a não-realização da prévia também interessa aos tucanos. "Quero dizer que o PSDB também não quer essa candidatura. O PT e o PSDB sabem que essa polarização está com os dias contados, a partir do momento em que apresentarmos uma proposta alternativa de crescimento."

Rigotto disse ainda que um adiamento seria um ataque direto a ele, que precisa deixar o cargo até o dia 31. Para tanto, precisaria saber o resultado da prévia até lá. "É uma violência contra mim e os companheiros do partido que estão apoiando minha candidatura."

Os dois pré-candidatos do PMDB fizeram questão de reafirmar a intenção de levar suas candidaturas até o fim e negaram que a manutenção da verticalização possa jogar contra esse objetivo.

A posição de ambos foi reforçada por Temer, que avaliou como "desastrosa" qualquer mudança no cronograma de escolha do candidato do PMDB. "Alguns acham que, havendo a verticalização, o PMDB não deverá ter candidato. O partido como um todo quer ter candidato próprio à Presidência da República. Haja ou não verticalização", afirmou.

Para Temer, o movimento contra a prévia, encabeçado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), não tem apoio suficiente na base para ser bem-sucedido. "Não vejo como um movimento majoritário. É significativo, talvez, pelo cargo ocupado por vários daqueles que costuram esse adiamento."

A costura estaria sendo feita por meio de uma lista de assinaturas pedindo a convocação da Executiva Nacional para deliberar sobre o assunto. Para realizar a convocação, os governistas precisam de seis confirmações, mas para adiar a votação seriam necessários mais de oito votos. A executiva do PMDB possui 16 membros.