Título: O varejo engoliu a indústria
Autor: Carlos Franco
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/02/2006, Economia & Negócios, p. B15

Os números do Ibope/Monitor de 2005 revelam, numa análise mais detalhada, que o varejo está consumindo boa parte da receita da indústria, que no passado aparecia nas primeiras posições. É o caso das Casas Bahia, líder absoluta de mercado e do ranking dos anunciantes, que hoje concentra parte significativa do investimento de fabricantes de eletroeletrônicos, eletrodomésticos e produtos da linha branca, como geladeiras e fogões.

O mesmo ocorre com super e hipermercados, que levam parte da verba de fornecedores para suas campanhas, anúncios e folhetos. Mais: o próprio varejo está se tornando mídia, cobrando dos fornecedores maior exposição no ponto-de-venda, valorizando, nas estratégias de comunicação, esse espaço que passou a competir com os meios de comunicação tradicionais. Tanto que, na pesquisa Ibope/Monitor, que considera apenas a compra de espaço pelos anunciantes nos meios de comunicação, a indústria aparece na rabeira do ranking, quando cinco anos antes figurava no topo.

Esse movimento é tão forte que o varejo já consome parte da verba de marketing de instituições financeiras, com as quais firmou acordos, a exemplo de Bradesco com as Casas Bahia e Itaú com o Grupo Pão de Açúcar. As montadoras também decidiram investir em ações de varejo, mas neste caso por conta própria ou por meio de concessionárias, galgando posições no ranking do investimento publicitário.