Título: Emprego na indústria tem o pior mês de janeiro desde 2000
Autor: Paula Puliti
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/02/2006, Economia & Negócios, p. B5

Pesquisas da Fiesp e do Ciesp indicam comportamento medíocre

Duas pesquisas divulgadas ontem mostram que o emprego industrial teve o pior janeiro desde 2000. De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o nível de emprego do setor ficou estável, com ligeira variação de 0,03% em relação a novembro, o que corresponde à abertura de 623 postos de trabalho. Considerando as diferenças sazonais entre os dois períodos, a taxa fica negativa em 0,10%. É a menor registrada para meses de janeiro desde 2000, início da série histórica da pesquisa.

Levantamento feito pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) também indica que o ano começou mal para o setor. No mês passado, o nível de emprego teve alta de 0,12% (abertura de 2.280 vagas) - o pior janeiro desde janeiro de 2002, quando houve queda de 0,42% ante o mês anterior.

Os números da pesquisa da Fiesp e do Ciesp não batem porque têm metodologias diferentes, como a base de coleta das informações. A Fiesp trabalha com dados fornecidos pelos sindicatos filiados à entidade, o Ciesp usa informações prestadas por empresas associadas.

"O comportamento do mês passado foi chocho e medíocre e é mais um elemento que mostra que a atividade industrial está abatida", disse Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp, que atribui o o resultado aos efeito dos juros elevados e ao câmbio.

Boris Tabacof, diretor do Departamento de Economia do Ciesp, também responsabilizou a condução da política econômica. Para ele, ainda há dúvidas se a atual política monetária e fiscal vai prevalecer sobre a política eleitoral neste ano.

Mas a pesquisa da Fiesp revela que o nível de emprego cresceu 2,1%, quando comparado com janeiro de 2005. "Isso mostra que 2006 não será de todo mau." Francini acredita que 2006, um ano eleitoral, pode ser melhor do que 2005, quando a variação do emprego industrial paulista foi de apenas 2,40% em relação a 2004.

Também contribui para o clima melhor o reajuste do salário mínimo para R$ 350, os incentivos à construção civil e outros investimentos públicos que repercutem positivamente na eleição e que estimulam a demanda e o emprego. "Janeiro ainda não pegou nada disso", frisou Francini. Ele acredita que até mesmo a projeção da Fiesp para o PIB deste ano, de alta de 3%, deverá ser superada.

Segundo a Fiesp, o setor de maior variação positiva em janeiro foi artefatos de papel, papelão e cortiça, com alta de 3,79% sobre dezembro, por causa do início das aulas. Em seguida, aparelhos elétricos e eletrônicos, com incremento de 2,75%. Na ponta negativa, calçados de Franca registrou queda de 11,39% no emprego em janeiro.

Já o Ciesp informa que, em números de vagas criadas, as regiões do Estado que apresentaram melhores desempenhos foram as de Rio Claro (4,22%), Sertãozinho (3,48%) e Araraquara (1,76%) todas ligadas ao setor sucroalcooleiro e de máquinas e equipamentos para o setor. Entre as que mais fecharam empregos estão Matão (3,80%), Araçatuba (3,06%) e Jaú (1,67%).