Título: Metrô serve como vitrine; Febem é telhado de vidro
Autor: Carlos Marchi e Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/03/2006, Nacional, p. A4

A largada do governador Geraldo Alckmin para sua campanha presidencial ganha o primeiro impulso neste domingo, quando será entregue sua obra de maior visibilidade ¿ os 24,5 quilômetros de aprofundamento da calha do Rio Tietê, entre o Cebolão e a Penha, na Capital. Iniciada em 2002 e com custo de R$ 1,07 bilhão, a obra inclui o alargamento do rio para 40 metros e um revestimento de concreto para impedir o deslizamento das margens. O trabalho complementa os 22 quilômetros feitos pelo governo Mário Covas, entre o Cebolão e a barragem Edgard de Souza.

No estilo em que diz sentir-se à vontade ¿ falar mais de obras do que dos adversários ¿, o governador quer despedir-se do cargo, no dia 31, entregando as estações Imigrantes e Chácara Klabin, da Linha 2 do metrô. Em novembro, já sem ele, mas engordando seu saldo eleitoral, o governo paulista conclui a Estação Ipiranga.

Derrotado por exigências ambientais, Alckmin não conseguiu, no entanto, iniciar a obra que considerava a mais importante de seus quatro anos, o trecho sul do Rodoanel, sete quilômetros de uma rodovia sofisticada, para levar carga do interior do Estado até o porto de Santos, sem entrar na Capital.

Nas boas, novas e caras estradas que cortam o Estado, o governador colhe uma herança eleitoral polêmica: as concessionárias garantiram investimentos, mas o alto custo dos pedágios deixou manchas na imagem do governador. A principal obra foi a nova pista da Imigrantes, de dezembro de 2002.

SEGURANÇA

Entre as marcas de seus cinco anos no Bandeirantes, duas áreas exigirão de Alckmin todo cuidado: a segurança pública e a política para os menores, que patinou em seguidas crises da Febem.

No fim de fevereiro de 2001 o governador enfrentou sua primeira prova de fogo ¿ uma série de de rebeliões simultâneas em 29 presídios, que terminou com 16 mortos. Era um sinal do que o esperava nos cinco anos seguintes. Além do sistema penitenciário, também a Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem) tornou-se um telhado de vidro.

Ele ganhou pontos com a descentralização dos presídios, começando pela desativação do Carandiru, mas não conseguiu deter a expansão do crime organizado dentro das cadeias, comandado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Na Febem,a tentativa de descentralizar os complexos e entregar 41 unidades menores, não avançou quase nada.

Ainda assim, seus resultados na segurança pública são os melhores dos últimos 20 anos. O total de homicídios bateu recordes de queda. A média mensal de 194 casos na capital é a melhor desde 1984. Alckmin conseguiu cumprir a promessa feita por Mário Covas de reduzir em 50% o total de homicídios no Estado. De fato, em 1999, ocorriam cerca de 3 mil assassinatos no Estado por trimestre. Desde então, esse tipo de crime não pára de cair. A redução no Estado já chegou a cerca de 40% ¿ em 2005 a média trimestral foi de 1.800 casos.