Título: Serra agora é pressionado a disputar governo de SP
Autor: Ana Paula Scinocca e Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/03/2006, Nacional, p. A6

O próximo dilema do prefeito José Serra já está na mesa. Ele terá de dizer ao PSDB, o quanto antes na avaliação de dirigentes tucanos - e no máximo até o dia 31 -, se aceita ou não disputar o governo do Estado. Ontem, após anunciar a candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência, o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), não descartou a hipótese de o prefeito renunciar ao comando da maior cidade do País para concorrer à sucessão estadual.

"Isso (a candidatura ao governo do Estado) não entrou na negociação. Mas não está descartado. Cada dia com a sua agonia", disse Tasso. "Pode vir a ser o Serra, sim", admitiu o presidente nacional do partido.

A atitude de Serra de abrir mão do embate interno em prol de Alckmin animou alguns tucanos até então contrários à candidatura Serra ao governo de São Paulo. Caso decida ir para a disputa, Serra deverá contar com o apoio irrestrito de Alckmin, segundo indicaram ontem interlocutores do governador. Em caso de recusa, Alckmin já propôs a Serra que a escolha do candidato à sua sucessão será feita a quatro mãos.

O PSDB de São Paulo tem quatro pré-candidaturas ao governo paulista. São elas a do ex-líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman, a do vereador e ex-líder de Serra na Câmara Municipal José Aníbal, a do secretário municipal de Governo, Aloysio Nunes Ferreira, e a do ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza. Paulo Renato até já manifestou publicamente a disposição de abrir mão da disputa se Serra apresentar sua candidatura ao governo. O mesmo gesto deverá ser repetido pelos serristas Aloysio Nunes Ferreira e Alberto Goldman.

O mais reticente à idéia é Aníbal, que assegura ter maioria no partido e disposição para enfrentar uma prévia.

AVALANCHE

Aliado de Serra, o secretário das Subprefeituras de São Paulo, Walter Feldman, previu ontem uma "avalanche" de apelos entre dirigentes do partido para que o prefeito assuma a disposição de concorrer à sucessão de Alckmin.

A favor de Serra, lembram os tucanos que defendem sua candidatura, está uma pesquisa telefônica encomendada por seus aliados na semana passada. Segundo o levantamento, se disputasse o governo paulista, Serra teria 71% das intenções de voto. Em contrapartida, outros nomes do PSDB testados pelo Ibope na semana retrasada não ultrapassam a marca de 4%.

Aníbal, porém, fez questão de lembrar ontem, enquanto Alckmin era aclamado candidato à Presidência, que tem 17% das intenções de voto entre os eleitores com maior grau de escolaridade. Entre os eleitores com renda superior a 10 salários mínimos, Aníbal afirma ter 14% das intenções de voto, mesmo patamar da ex-prefeita e pré-candidata do PT, Marta Suplicy.

"Não tenho conhecimento dessa intenção do prefeito (de sair candidato ao governo)", disse Aníbal. Diplomático, enfatizou, porém, que "Serra teria sucesso se fosse o candidato a qualquer cargo". Entre os interlocutores do prefeito, há quem assegure que a candidatura ao Palácio dos Bandeirantes está descartada. "Não há a menor possibilidade de ele sair", disse um dos fiéis escudeiros de Serra.