Título: Líbano espera extradição rápida da suspeita presa
Autor: Marcelo Godoy
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/03/2006, Internacional, p. A15

O governo do Líbano espera que Rana Koleilat, presa em São Paulo na noite de domingo, esteja em Beirute até o final da semana. Segundo informações dadas ao Estado por um diplomata libanês em São Paulo, o processo de transferência poderia ser rápido, já que a própria suspeita teria dado indicações de que aceitaria a transferência do Brasil para Beirute.

A prisão de Rana é uma verdadeira bomba política e está sendo tratada pelas mais altas instâncias no Líbano, disse a fonte diplomática.

A libanesa é acusada de ter participado do financiamento do atentado que matou o ex-primeiro-ministro do Líbano Rafic Hariri. A ONU iniciou uma investigação que aponta para sírios como eventuais responsáveis pelo assassinato. Rana era gerente de um banco que teria destinado créditos aos grupos sírios. É, portanto, peça-chave nas investigações para se descobrir os autores do atentado.

Ontem, o governo libanês pediu oficialmente ao brasileiro a extradição da suspeita. Os dois países não têm acordo de extradição. Mas mesmo assim, em São Paulo, representantes libaneses no País estavam convencidos de que ela será concedida.

"A prioridade agora é garantir a vida da suspeita", afirmou a fonte libanesa na capital paulista, ouvida por telefone. O temor do governo de Beirute é que Rana seja assassinada antes de prestar depoimento aos investigadores da ONU que estão no Líbano a sua espera. Rana teria indicado que somente iria a Beirute se sua segurança fosse garantida. O próprio primeiro-ministro do Líbano, Fuad Siniora, deu garantias.

O Estado também apurou que o encontro da libanesa em São Paulo ocorreu graças a um vendedor de carros de Beirute. Ainda segundo a fonte, membros do governo do Líbano em São Paulo, o comerciante estava atrás de Rana por causa de uma dívida milionária. O comerciante então arrumou um encontro com Rana, em São Paulo, para que a dívida fosse quitada. Mas ao chegar ao País, o comerciante entendeu que Rana não pagaria a dívida e optou por denunciar sua presença ao governo libanês. O comerciante, cuja identidade é mantida em sigilo por questões de segurança, retornou ontem mesmo ao Líbano.