Título: Secretário particular quintuplicou patrimônio
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/03/2006, Nacional, p. A8

Destinatário de pelo menos um pacote de dinheiro remetido pelo grupo de Ribeirão Preto, Ademirson Ariovaldo da Silva, 50 anos, secretário particular do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, multiplicou seu patrimônio nos últimos anos.

De acordo com técnicos da CPI dos Bingos, nos dois primeiros anos do governo do PT, Ademirson saiu de um patrimônio de R$ 93.704,92 em fins de 2002 para R$ 306.224,17, em dezembro de 2004.

Em entrevista ao Estado, Francenildo Santos Costa, caseiro da mansão usada por ex-assessores de Palocci em Brasília, afirmou que testemunhou a entrega de um pacote de notas para o secretário particular do ministro.

O dinheiro, segundo o caseiro, foi repassado a Ademirson na portaria do Ministério da Fazenda pelo motorista que servia a turma de Ribeirão, Francisco das Chagas.

Ontem, o Correio Braziliense publicou reportagem com dados da análise que a CPI dos Bingos fez das declarações de renda do assessor de Palocci.

Segundo a comissão, a análise preliminar das declarações de Imposto de Renda de Ademirson indica que o secretário de Palocci entregou à Receita Federal prestações de contas que mostram uma rápida evolução patrimonial, principalmente nos dois primeiros anos do governo Lula.

O total de bens declarados, que era de R$ 57 mil em 2000, por exemplo, foi multiplicado por cinco em quatro anos.

Entre os bens atuais estão uma casa de 210 metros quadrados com piscina, em Ribeirão Preto, e dois carros. Em 2004, Ademirson vendeu o Corsa que tinha e comprou um Astra Sedan e um Peugeot 206.

Em 1999, o assessor e sua mulher possuíam dois terrenos com valor declarado de R$ 6,4 mil, dois carros (um Palio 97 e um Escort 92) e R$ 32 mil aplicados. Não tinham casa própria.

Nas declarações de Ademirson, a mulher, que não trabalha, e os dois filhos são seus dependentes e não têm rendimentos.

No ministério, a função de Ademirson é atender telefonemas, cuidar da agenda de Palocci e marcar as viagens oficiais.

Agora, a CPI avalia que basta o acesso às faturas de cartão de crédito da família para comprovar um padrão de vida incompatível com os rendimentos. A CPI já dispõe do sigilo bancários de Ademirson.

Procurado pela reportagem, Ademirson, que está de licença médica, informou, através da Assessoria de Imprensa do Ministério da Fazenda, que não se pronunciaria.