Título: Palocci não coordenará campanha da reeleição
Autor: Tânia Monteiro e Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/03/2006, Nacional, p. A10

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou ontem com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Pediu a ele que esclarecesse o mais rapidamente possível as novas denúncias, publicadas pelo Estado, de que freqüentava uma mansão no Lago Sul, usada para partilha de dinheiro e festas com garotas de programa. Na prática, o testemunho do caseiro Francenildo Santos Costa, desmentindo o depoimento de Palocci à CPI dos Bingos, serviu para Lula se convencer de que o ministro não deve ser o coordenador de sua campanha à reeleição.

À tarde, em teleconferência promovida pela Tendências Consultoria, o próprio ministro disse que não será o coordenador da campanha de Lula. Segundo Palocci, isso ficou acertado entre ele e o presidente, com quem esteve reunido na tarde de ontem. "Eu afirmei ao presidente que gostaria de não me envolver na campanha e de prosseguir no trabalho no Ministério da Fazenda. E isso corresponde à vontade do presidente", disse Palocci na teleconferência. "De forma definitiva, não estarei na campanha, mas aqui no Ministério."

Apesar de declarar que nunca pensou em coordenar a campanha de Lula a um segundo mandato, Palocci chegou a planejar sair do governo em junho, com esse objetivo, se tudo estivesse correndo bem na economia. Em 2002, ele comandou a equipe que produziu o programa de governo petista.

Lula tem muito apreço por Palocci, mas, diante dos constantes ataques envolvendo seu nome, avalia que ele deve colaborar nos bastidores. Não pode aparecer como a face do governo na campanha.

Embora o discurso oficial seja de que o testemunho do caseiro integra o rol das "intrigas" e que a oposição tem interesse no caso para estender a CPI dos Bingos, o fato é que a reportagem do Estado causou muita preocupação e mal-estar no Planalto.

A situação de Palocci é considerada frágil,mas, na versão palaciana, tudo vai muito bem. "A economia do Brasil está sólida", insistiu o vice-presidente José Alencar, ministro da Defesa.