Título: Onze sem-terra são presos no Paraná
Autor: Miguel Portela
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/03/2006, Nacional, p. A12
Onze sem-terra foram presos em Bandeirantes, norte do Paraná, acusados de agressão e roubo dos proprietários da Fazenda Yara, invadida pelo Movimento dos Agricultores Sem-Terra (Mast) na semana passada. A polícia apreendeu um revólver, uma carabina, facas e facões em poder dos agricultores.
A agressão, segundo a polícia, teria ocorrido na segunda-feira, quando os sem-terra invadiram armados a sede da fazenda e roubaram objetos. Além dos sem-terra, foi preso o motorista do caminhão que transportava os objetos roubados. O caminhão foi apreendido quando deixava a fazenda.
Segundo o escrivão-chefe da polícia de Bandeirantes, Roberto Carlos de Castro, os proprietários da fazenda, o casal Cláudio e Rafaela Delgado, permaneceram várias horas detidos pelos sem-terra. A fazenda já foi uma estância de água mineral e seu solo pedregoso é impróprio para agricultura. Cerca de 50 famílias estão acampadas.
Em Quedas do Iguaçu, sudoeste do Paraná, 500 sem-terra invadiram pacificamente a prefeitura, segunda-feira, para cobrar o início das obras de melhoria dos 42 quilômetros de estrada que liga a cidade ao Assentamento Bacia, na Fazendo Rio das Cobras Florestal. O prefeito Gelmar Antônio Schmiel (PMDB) prometeu atendê-los.
Integrantes do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) invadiram na madrugada de ontem a Fazenda Canhambola, em Prata, no Triângulo Mineiro. A propriedade pertence ao espólio do pecuarista José Adolpho de Oliveira Andrade. Ele era sogro do ex-prefeito de Uberaba e atual secretário estadual de Desenvolvimento Social e Esportes, Marcos Montes. Segundo o coordenador do MLST, Ismael Rocha, a invasão é um protesto contra a atuação do governo estadual no processo de reforma agrária.
Cerca de 300 famílias ligadas ao MST ocupam desde a madrugada de sábado a Fazenda Pau Dolleo, em Lagoa Grande, Minas. Segundo o MST, a invasão é a primeira de uma série de mobilizações que ocorrerão este mês e no próximo no Estado. Um dos coordenadores do MST, Cristiano Meirelles, disse que a ocupação foi feita com apoio do proprietário. "A gente não pretende sair até porque havia vontade dele de se desfazer da propriedade." O dono do imóvel, Josino Guimarães, negou a versão e afirmou que pediu reintegração de posse.