Título: Emprego industrial cresce pouco
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/03/2006, Economia & Negócios, p. B4

A indústria paulista abriu 2,6 mil postos de trabalho no mês passado, uma alta de 0,12% no nível de emprego do setor na comparação com janeiro. Foi o segundo mês consecutivo de alta, mas o resultado foi classificado de "chocho" pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), responsável pelo levantamento.

Para Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, os números de fevereiro ainda refletem a perda de ânimo das empresas com a desaceleração da economia no terceiro trimestre de 2005. "Fevereiro apresentou um crescimento modesto e pouco inferior ao esperado", diz Francini.

Segundo ele, a evolução da atividade econômica demora de três a quatro meses para ter impacto no mercado de trabalho. "Em momentos de incertezas, as empresas costumam aumentar primeiro o uso de horas extras e a contratação de trabalhadores temporários ou autônomos, o que diminui os custos de admissão e de demissão no caso de eventual retração da atividade", explica.

Nesse sentido, as projeções da Fiesp para os próximos meses são favoráveis. A entidade já detectou aceleração no ritmo de atividade em novembro, dezembro e janeiro, que tende a se manter em fevereiro. "Acredito numa recuperação maior do emprego a partir de abril ou maio", diz Francini.

Os números divulgados ontem pela Fiesp foram apurados com base em nova metodologia. Foi ampliado o número de empresas pesquisadas e atualizada a ponderação dos setores no cálculo do nível de emprego.

O índice deixou de levar em conta as respostas de sindicatos patronais, passando a ser feita diretamente com as empresas, com base no Cadastro de Estabelecimentos e Empresas (CEE) do Ministério do Trabalho. O cálculo também passou a considerar o porte individual das empresas.

A série histórica da pesquisa foi revista até julho de 2005, sem considerar diferenças específicas de cada mês. Segundo Francini,por questões estatísticas o ajuste sazonal não poderá ser feito antes de dois anos. Ele acrescenta que as pesquisas nova e velha não apresentam diferenças porcentuais significativas.

"A pesquisa anterior não era ruim, mas tinha espaço para melhoras. O que temos agora é uma pesquisa mais robusta e segura para divulgar dados do emprego", diz.

A entidade passou a pesquisar 1.350 empresas, ante 880 na anterior. Por sindicatos, as contratações foram lideradas pela indústria de massas alimentícias e biscoitos (4,33%), seguida por doces e conservas alimentícias (2,64%). Entre os que mais demitiram estão congelados e supercongelados (14,93%), móveis de junco e vime e vassouras e pincéis (5,37%).