Título: Japão quer 6 meses para definir fábrica
Autor: Gerusa Marques
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/03/2006, Economia & Negócios, p. B11

Os japoneses só saberão se a instalação de uma fábrica de semicondutores no Brasil é viável num prazo de seis meses a um ano. Esse prazo, previsto ontem pelo representante do consórcio do padrão japonês de TV Digital (ISDB), Yasutoshi Miyoshi, pode atrasar o processo de escolha do padrão de TV digital que será adotado no País. A produção, no Brasil, desse tipo de componente usado em televisores mais modernos é vista como condição fundamental pelo governo brasileiro para tomar a decisão.

Os japoneses, segundo Miyoshi, somente se comprometeram, até o momento, a realizar esse estudo de viabilidade em conjunto com o governo brasileiro. Qualquer posição mais concreta sobre a fábrica, segundo Murilo Pederneiras, que também representa o consórcio japonês, está condicionada ao resultado desse estudo. "É impossível se comprometer com um investimento que está na ordem de US$ 1 bilhão sem fazer um estudo aprofundado. Ninguém é capaz, hoje, de prometer alguma coisa sem que se faça essa análise profunda da questão", afirmou.

Segundo Miyoshi, há diversos aspectos que têm de ser avaliados nesses estudos, como infra-estrutura, logística, mão-de-obra e o tipo de semicondutores que se quer produzir - se servirão só para televisores ou também para celulares e computadores. "A intenção desse estudo é encontrar um nicho de mercado onde o Brasil poderia se inserir como fabricante de semicondutores para as necessidades internas e para exportação", afirmou.

Em comunicado, o consórcio ISDB reafirmou a intenção de abrir uma linha de crédito de US$ 500 milhões para as emissoras de TV implantarem a transmissão digital. Os japoneses disseram estar satisfeitos com a manifestação da empresa franco-italiana ST Microelectronics, ligada ao padrão europeu, de estudar a montagem de uma fábrica de semicondutores, pois seus chips são compatíveis com os televisores digitais do modelo japonês.