Título: Fator Alckmin reforça bom humor
Autor: Patrícia Campos Mello
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/03/2006, Economia & Negócios, p. B14

O mercado reagiu com otimismo ao anúncio da candidatura de Geraldo Alckmin à presidência da República. O dólar caiu 0,37%, encerrando o dia cotado em R$ 2,12, e a Bovespa teve alta de 2,03%. O humor do mercado foi mais influenciado pelo cenário externo positivo, com queda nos juros dos títulos americanos e alta na Bolsa de Nova York. O Dow Jones encerrou em alta de 0,68% e o Nasdaq subiu 1,27%.

Mas o fator Alckmin também pesou. O governador é encarado como mais pró-mercado que seu rival na disputa do PSDB, o prefeito José Serra. A visão dos analistas é que Serra poderia ser mais intervencionista, heterodoxo e tentaria controlar a atuação do Banco Central, entre outras coisas. "O Serra é centralizador e seria imprevisível na área econômica - isso assusta", diz um investidor.

Os juros também tiveram desempenho positivo e recuaram. O risco país foi o único indicador a destoar: teve alta de 0,87% e chegou aos 231 pontos.

Segundo Alexandre Maia, sócio da GAP Asset Management, os mercados estão bastante confortáveis com o cenário de bipolarização desta eleição. Não se esperam propostas heterodoxas de nenhum dos dois candidatos. "Os dois têm uma agenda favorável ao ambiente de negócios."

Para Maia, assuntos que assustam o mercado - como renegociação da dívida e suspensão do superávit primário - estão fora da pauta. "A não ser que o presidente Lula resolva incorporar idéias da segunda carta aos brasileiros", ressalva.

Agora, os operadores vão acompanhar de perto as pesquisas de intenção de voto. "Todos querem saber se Alckmin vai deslanchar ante os demais candidatos de oposição e se aproximar de Lula", diz um operador. "O temor é que algum azarão, como a pré-candidata do P-Sol, Heloisa Helena, ou Anthony Garotinho, cresça demais."