Título: PFL ganha com saída de candidatos
Autor: Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/03/2006, Nacional, p. A8

A dança de cadeiras provocada pela desincompatibilização de candidatos nas próximas eleições, ocupantes de cargos no Poder Executivo, vai premiar o PFL como nenhum outro partido. A partir de abril, a legenda deixa o posto de coadjuvante em São Paulo. Pode, pelo menos até o fim do ano, controlar o Estado, a prefeitura da capital e a Assembléia Legislativa.

"Nesse cenário, teremos condições de eleger mais dois ou três deputados federais no Estado", diz o secretário-geral do PFL, Saulo Queiroz, que ainda planeja selar um acordo para que o PSDB apóie a reeleição de Gilberto Kassab à prefeitura, em 2008, caso o tucano José Serra realmente se afaste para disputar o governo estadual. Seria esta a jóia da coroa. Independentemente de qualquer acordo para o futuro, Kassab teria, no mínimo, mais da metade do mandato à frente da principal cidade brasileira. "Quem poderia sonhar com isso?", sustenta Queiroz, referindo-se ao cenário paulista. Mas este não é todo o saldo. O PFL também será beneficiado em Pernambuco.

O governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) renunciará para concorrer ao Senado. Assume o vice Mendonça Filho (PFL), que disputará a reeleição. "Dos quatro governadores do PFL, apenas Cláudio Lembo (que substituirá o governador Geraldo Alckmin) não será candidato à reeleição", diz Queiroz. "Com a visibilidade no Estado e na prefeitura, vamos aumentar nossa bancada federal em São Paulo." Em 2002, o PFL elegeu 7 deputados federais. O comando da Assembléia veio em 2005, depois de Rodrigo Garcia derrotar o candidato de Alckmin.

INÉDITO

A desincompatibilização alçará o PC do B ao comando de sua primeira capital. O prefeito de Aracaju, Marcelo Déda (PT), será candidato ao governo, e deixará no cargo Edvaldo Nogueira.

A força política mais prejudicada pelas normas da desincompatibilização deverá ser mesmo o PSDB. O partido perde em São Paulo e também terá de abrir mão do governo de Goiás. Marconi Perillo (PSDB) quer disputar uma vaga no Senado e será substituído pelo vice Alcides Rodrigues (PP). A perda será em parte compensada no Distrito Federal. O governador Joaquim Roriz (PMDB) quer ser senador e a tucana Maria de Lurdes Abadia assume em seu lugar. Também o prefeito de Salvador, João Henrique (PDT), se resolver encarar a corrida pelo governo, terá o tucano Marcelo Duarte como substituto.

O governador Aécio Neves (PSDB) pode embaralhar de vez a corrida em Minas e deixar ainda mais combalido o ninho tucano. Boatos em Belo Horizonte dão conta de que ele, candidato favorito à reeleição, poderia disputar o Senado. Os defensores da idéia sustentam que o Senado daria ao neto do presidente Tancredo Neves mais visibilidade nacional para atender à pretensão de ser presidente em 2010. "Não tenho uma posição favorável à reeleição, mas existe uma obra sendo construída em Minas e a minha responsabilidade com esta obra é muito grande", disse o governador, na sexta-feira. Ele prometeu anunciar sua decisão até quarta.