Título: Pais têm a função de transmitir valores
Autor: Renata Cafardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/03/2006, Vida&, p. A14

Os pais têm um papel diferente da escola na educação sexual. Especialistas afirmam que ela é mais eficiente se feita entre colegas da mesma idade e de maneira sistemática, como só é possível na sala de aula. Mas a família não pode ignorar o assunto e, segundo educadores, tem a função de passar os valores em que acredita.

"A gente educa nas entrelinhas", diz o sexólogo e psicólogo Marcos Ribeiro, autor de Sexo, Como Orientar seu Filho (ed. Planeta; 170 págs.; R$ 32). "Se o filho encontra a mãe sem roupa e ela se esconde, a criança pode entender que a relação com o corpo é algo proibido", completa. Segundo ele, a família vai mostrar "o que pode e o que não pode", a escola discute questões.

"Meus pais falam sobre sexo, mas a escola dá informações com mais profundidade", conta Renata Mello, de 13 anos, aluna do Bandeirantes. Educadores sexuais são unânimes em dizer que não há idade para começar a falar sobre o assunto.

Pesquisas também já esclareceram que não faz sentido o medo antigo dos pais de que conversar sobre sexo adianta o início da prática. "É preciso sempre responder o que a criança pergunta, não adianta mudar de assunto", diz Antonio Carlos Egypto. "Quando são pequenas, é só usar a linguagem dela, não precisa dar uma aula de sexualidade. Mas se não falar, vai virar uma fantasia", completa Laura Muller.