Título: Fabricantes de compensados dizem que vendas aumentaram
Autor: Ana Paula Lacerda
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/03/2006, Economia & Negócios, p. B7

As empresas que forneciam placas de compensado do tipo MDF para a região de São Bento do Sul sentiram a migração dos grandes clientes para os fornecedores argentinos. No entanto, afirmam que não estão, como as indústrias moveleiras, passando por momentos difíceis. "Nunca vendemos tanto para a região de São Bento do Sul", afirma Jorge Grandi, diretor-comercial da fabricante de compensados Masisa do Brasil, subsidiária do grupo chileno Masisa.

Ele explica que, apesar de os grandes fabricantes estarem importando o material, centenas de outras empresas de médio e pequeno porte compram o produto aqui no País por não terem como importá-lo em grandes quantidades. O MDF é uma chapa fabricada a partir da aglutinação de fibras de madeira com resinas sintéticas.

"Por ser um produto muito fácil de trabalhar, ele está cada vez sendo mais usado nos móveis em substituição a partes de madeira", diz Grandi. Segundo dados da empresa, as vendas na região subiram de US$ 1,48 milhão em 2004 para R$ 1,86 milhão no ano passado.

Todos os compensados MDF produzidos pela Masisa são do tipo E-1, ou seja, têm baixa emissão de compostos químicos que podem acarretar danos à saúde de quem manipula o material. "Os países europeus só aceitam móveis que usem MDF tipo E-1. Como São Bento do Sul tem na Europa alguns de seus maiores compradores, os industriais aumentaram a procura pelo produto."

Outro fator muito favorável à Masisa é que o grupo possui uma fábrica na Argentina, que acaba fornecendo produtos à empresa no Brasil. "A fábrica da Argentina se tornou fornecedora de muitas empresas da região, por produzir com excedente e oferecer seu produto com preço menor aqui no Brasil", diz Grandi.

Na Tafisa, fabricante de compensados localizada em Piên (PR), as encomendas vindas das empresas brasileiras mantiveram seu volume normal no primeiro trimestre.

Segundo o diretor-presidente da empresa, José Tomás Baeta, a queda do dólar fez descer o volume de produtos exportados, mas teve também efeitos positivos. "Houve redução no custo de algumas matérias-primas, como as resinas." Para a produção do MDF, os principais insumos das resinas, papéis melamínicos e peças de reposição vêm do exterior.

"As diferenças de preço em relação à Argentina dizem respeito à relação entre o real e o peso favorável às exportações argentinas e ao regime aduaneiro que favorece os produtos de lá a entrarem no Brasil", diz Baeta. A solução para manter o mercado? "Competitividade em termos de qualidade, preço e serviço."