Título: Ata é o principal foco do investidor
Autor: Tom Morooka
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/03/2006, Economia & Negócios, p. B4

Documento do Copom que sai na quinta-feira divide atenção do mercado com vários indicadores americanos

A divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na quinta-feira é o evento mais importante da semana para o mercado financeiro. O interesse pelo documento ficou reforçado depois que a taxa básica de juros foi reduzida, na semana passada, de 17,25% ao ano para 16,50%, um corte de 0,75 ponto porcentual, com votos de seis diretores, enquanto outros três defenderam uma redução de 1 ponto porcentual.

"Como não houve consenso na decisão, o mercado vai querer encontrar na ata explicações que possam indicar se a redução na próxima reunião poderá pender mais para 1 ponto do que para 0,75 ponto (tido como piso de corte depois da decisão dividida da última reunião)", comenta Rodrigo Boulos, tesoureiro do Banif Investment Bank. Uma indicação de adesão de votos para um corte maior fortaleceria a possibilidade de uma redução de 1 ponto porcentual no juro básico na próxima reunião, dias 18 e 19 de abril.

Com a ata atraindo as expectativas como principal evento internamente, todos os demais focos do mercado estão lotados no cenário internacional. Há uma enxurrada de indicadores econômicos americanos que poderão afetar a decisão dos investidores, na medida em que influenciarem a tendência dos juros nos títulos americanos. "O mercado interno tem oscilado muito em função do mercado americano", diz Boulos.

A repentina elevação dos juros dos títulos americanos de dez anos, para o nível de 4,70% ao ano, na semana passada, levou à forte queda da Bolsa de São Paulo e à alta do dólar. O temor é que a inesperada alta esteja indicando uma elevação mais forte do juro nos EUA, comenta o tesoureiro do Banif Investment Bank. Mas, segundo ele, o cenário pode se acalmar lá fora e o dólar equilibrar-se novamente em torno de R$ 2,11.

O principal evento nos EUA é a divulgação, na quarta-feira, do livro bege, um apanhado sobre as condições da economia americana que serve de base para a tomada de decisões da política monetária. A próxima reunião do Federal Reserve (Fed, banco central americano) para decidir o rumo do juro de curto prazo nos EUA será no dia 28.

Outros indicadores de destaque são o índice de preços ao consumidor (CPI) de fevereiro, que sai na quinta-feira, e os dados da produção industrial americana, também de fevereiro, na sexta. "São dados que vão continuar ditando a tendência dos juros americanos, o que influencia também os mercados domésticos", avalia Boulos. Segundo ele, a Bolsa paulista pode retomar a alta com a melhora do cenário internacional.