Título: Gerdau prepara ofensiva na América Latina
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/03/2006, Economia & Negócios, p. B16

Presidente do grupo diz que avalia três negócios nos países vizinhos. "Somos consolidadores", avisa

A Gerdau, 13º grupo siderúrgico do mundo e o maior de capital nacional, está prestes a testar mais uma vez seu poder de consolidação na América Latina. Será o primeiro teste depois de monumentais operações de consolidação que sacudiram o mundo siderúrgico. O grupo, que faturou R$ 25 bilhões e lucrou R$ 3,3 bilhões no ano passado, olha, neste instante, para ativos em três países latino-americanos. O anúncio foi feito ontem pelo presidente do grupo, Jorge Gerdau Johannpeter, durante a inauguração da primeira unidade de produção de aço em São Paulo, no município de Araçariguama. A inauguração teve a presença do governador Geraldo Alckmin.

Jorge Gerdau não escondeu a "preocupação" com o atual momento da siderurgia mundial. Afirmou que esta preocupação, entretanto, não deriva de eventuais impactos no mercado brasileiro de consolidações mundiais como a que pode ocorrer entre a Mittal e a Arcelor. A razão da inquietação decorre das dimensões e da velocidade de fusões que podem ocorrer mundialmente a partir de agora.

Gerdau tratou, então, de dar a posição exata onde o grupo estará a partir de agora. Segundo ele, ao grupo caberá apenas a posição de consolidador. "Somos consolidadores. Vejo que a nossa capacidade atual de consolidar é muito maior do que a que tínhamos há 2, 3, 10 anos", disse. E acrescentou: "Não existe a possibilidade de sermos consolidados." Segundo ele, esta não é bem a posição de empresas brasileiras. Ainda não há uma "visão internacional" do setor no Brasil. Especialistas do setor siderúrgico afirmam que o processo de consolidação no Brasil é pequeno em relação às associações que ocorrem no mundo.

O presidente da Gerdau não deu detalhes sobre em quais ativos ou países pretende avançar nos próximos anos. Disse apenas que há três nações latino-americanas onde há possibilidades de negócios com capacidades superiores a 500 mil toneladas de aço por ano. Segundo ele, estes volumes já são suficientes para garantir escala competitiva para os negócios. O enfoque do grupo continua a ser em aços longos, afirmou.

Embora Gerdau tenha dado ênfase à América Latina, a empresa não descarta novas aquisições na América do Norte. Segundo ele, os resultados financeiros de unidades instaladas na região já mostram o mesmo desempenho de concorrentes locais. "Conseguimos isso sem, entretanto, terminar as melhorias de gestão que pretendemos implantar", afirma. Para ele, isso indica as possibilidades de novas compras na América do Norte.

INVESTIMENTO

O presidente da Gerdau apresentou ontem em Araçariguama um plano de investimento global para os próximos três anos (2006/2008). A cifra total é de US$ 3,8 bilhões. Deste total, US$ 2,5 bilhões serão aplicados no Brasil e US$ 1,3 bilhão no exterior.

Isso deve elevar a produção total do grupo para 22,1 milhões de toneladas de aço bruto em 2008, incremento de 8,4 milhões de toneladas em relação ao que foi produzido no ano passado (13,7 milhões de toneladas).

O investimento também elevará a produção de laminados. Em três anos, a Gerdau aumentará a produção de aço laminado de 10,8 milhões para 16,9 milhões de toneladas no mundo, um incremento porcentual de 56,4%.