Título: Japoneses se comprometem com projeto do País, diz Costa
Autor: Renato Cruz
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/03/2006, Economia & Negócios, p. B11

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse ontem ser fundamental para a escolha do padrão de TV digital o compromisso das coalizões com a instalação de uma fábrica de semicondutores no País. Defensor da opção pelo padrão japonês (ISDB), Costa reiterou a necessidade de o Brasil "dar um passo decisivo" em termos tecnológicos ao optar por um dos sistemas. Segundo ele, os japoneses estão "comprometidos com o projeto brasileiro".

"Pesa sim (a instalação de uma fábrica de semicondutores). Posso até, com modéstia, dizer que levantei essa questão. Nós fizemos inúmeras reuniões com os empresários japoneses", observou. "Estamos absolutamente convencidos de que o Brasil tem de dar um passo decisivo na tecnologia, na eletrônica, caso contrário vamos começar o ano que vem de uma forma lamentável. De tudo que se faz neste País no âmbito da tecnologia, nós estamos lamentavelmente atrasados."

Costa, contudo, negou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já tenha escolhido o padrão japonês. "Não está decidido ainda", afirmou, após encontro com políticos do PMDB, em Belo Horizonte.

Ele também não confirmou se o anúncio será feito hoje, após reunião entre Lula e os ministros envolvidos na discussão. Mas deixou aberta essa possibilidade. "O presidente já estará em condições de decidir a partir de amanhã (hoje) com todos os relatórios setoriais, com todas as indicações de que ele precisa. E é uma decisão exclusiva do presidente da República".

O ministro demonstrou irritação com as críticas das indústrias européias, reunidas na coalizão DVB, à possibilidade de adoção do modelo japonês. Provavelmente se referindo às declarações de Cláudio Raupp, vice-presidente de Celulares da Nokia - que afirmou que a empresa não tem interesse em produzir celulares que transmitam o padrão ISDB no Brasil -, Costa reagiu com dureza: "Isso é de um desrespeito ao Brasil, ao governo e ao consumidor brasileiro tão grande que eu não sei como um cidadão como esse pode ser presidente de uma empresa como a Nokia no Brasil".