Título: Europeus contra-atacam
Autor: Renato Cruz
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/03/2006, Economia & Negócios, p. B11

Empresa italiana também oferece fábrica de semicondutor

Os europeus reforçaram seu lobby e acirraram a disputa com os japoneses na reta final do processo em que o governo brasileiro escolherá a tecnologia de TV digital a ser adotada no País. A empresa franco-italiana ST Microelectronics, quarta maior produtora de semicondutores do mundo, informou à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que avalia a possibilidade de instalar-se no Brasil. Dessa forma, os europeus se igualaram aos japoneses num critério considerado fundamental pelo governo: a oferta de benefícios à política industrial brasileira, mais especificamente a instalação de uma fábrica de semicondutores, que venha acompanhada de transferência de tecnologia.

Segundo negociadores do governo, a disputa esquentou nos últimos dias e essa é uma boa oportunidade para arrancar mais vantagens para o País. Por isso, o mais provável é que a decisão sobre qual padrão adotar no Brasil (europeu, japonês ou americano) seja adiada por alguns dias, até que as negociações estejam amadurecidas. Para os técnicos, nunca a política industrial do governo Lula esteve tão perto de atingir seus objetivos. Eles se dizem muito satisfeitos em relação às conversas com os japoneses e igualmente animados com o reforço da posição européia. Dizem, também, que os americanos não apresentaram uma oferta, mas são bem-vindos.

De volta da Inglaterra, o presidente Lula deverá receber hoje informações dos ministros envolvidos nas negociações. Um decreto editado no mês passado fixava 10 de março como prazo final para a apresentação de um relatório com pareceres de todas as áreas envolvidas. São, segundo assessores, informações técnicas que permitem tomar uma decisão de imediato. A movimentação dos europeus e japoneses, porém, deverá levar o presidente a aguardar a formalização das ofertas melhoradas dos dois concorrentes.

Por enquanto, nem europeus nem japoneses fizeram propostas formais de instalar uma fábrica de semicondutores. Nos dois casos, a questão ainda está sendo analisada. Ao contrário de rumores que circularam nos últimos dias, não há uma proposta pronta por parte dos japoneses de investir R$ 2 bilhões numa planta no País.

Segundo interlocutores do lado brasileiro, os japoneses avaliam a possibilidade de produzir no Brasil, além dos semicondutores, telas de plasma e LCD. As conversas envolvem quatro empresas nipônicas.

Já os europeus se concentram na possibilidade de fabricar semicondutores, por meio da ST .