Título: PF prende 17 por sonegação fiscal
Autor: Felipe Werneck
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/03/2006, Economia & Negócios, p. B5

Operação Esfinge pretende desmantelar quadrilha que agia em seis Estados e no Distrito Federal

Dezessete suspeitos foram presos ontem pela Polícia Federal sob acusação de sonegação fiscal em seis Estados e no Distrito Federal, entre elas o empresário Francisco José Gonçalves Pereira, conhecido como Xyco Pneus, suplente do senador Magno Malta (PL-ES). De acordo com a PF, o objetivo da Operação Esfinge é "desmantelar uma organização criminosa sediada no Espírito Santo que, em seis meses de funcionamento, importou cerca de US$ 14 milhões utilizando-se de meios fraudulentos".

Onze prisões ocorreram em bairros de classe média alta de Vitória, capital do Espírito Santo. O advogado Beline Salles Ramos, que já havia sido preso em 2005 na operação que investigou um esquema de sonegação de impostos na empresa Schincariol, segurava uma Bíblia quando foi levado pelos policiais, no início da manhã. A mulher dele, Maria Helena Xible, e o filho, Eduardo Xible Ramos, também foram presos. O advogado é um dos donos da empresa Nova Global, apontada como matriz da organização.

De acordo com o delegado Eugênio Riccas, responsável pela investigação, todas as "decisões estratégicas" da empresa eram tomadas pelo advogado e pelo suplente de senador. O procurador Carlos Vinícius Cabeleira explicou que "é uma empresa fictícia que foi constituída em nome de laranjas, com sede também fictícia em Mato Grosso do Sul. Ela foi usada para a realização de importações fraudulentas, descaminho e sonegação fiscal". Xyco Pneus seria sócio fantasma da Nova Global.

Riccas disse que a empresa obteve benefícios fiscais como isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em Mato Grosso do Sul, em troca da promessa de geração de empregos e reversão de renda.

As fraudes eram realizadas por meio de empresas de fachada, com subfaturamento do valor das mercadorias, sonegação de impostos e lavagem de dinheiro. Segundo a junta comercial, a Nova Global importava mercadorias para outras empresas, com preço bem abaixo do mercado. "Outras empresas recorriam à estrutura da Nova Global para importar de forma superfaturada. Mercadorias eram trazidas com preço bem abaixo dos mercados", apontou a investigação.