Título: Fontes variadas para o copo de leite
Autor: Emílio Sant'Anna
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/03/2006, Vida&, p. A20

O de vaca continua preferência nacional, mas avança consumo de leite de búfala, de cabra e de extrato de soja

Mesmo que o apetite nacional pelo leite de vaca ainda seja inquestionável, cresce o consumo de outros tipos, feitos à base de extratos vegetais. Rico em proteínas, lipídeos, energia e cálcio, o leite de vaca faz parte da dieta básica dos brasileiros. Mas há quem não queira ou não possa depender dele como fonte de energia e nutrientes.

Estima-se que 10% da população seja alérgica a algum tipo de alimento. Além do leite, as alergias mais comuns ocorrem pelo consumo de ovos, soja, frutos do mar e amendoim.

O gastroenterologista da Unifesp Mauro Batista de Moraes trata todas as semanas pessoas com alergia ao leite. "Se uma pessoa tem alergia a algum determinado alimento, substitui por outro alimento. Com os lactentes, isso é mais problemático", diz, referindo-se às crianças de 0 a 2 anos.

Segundo dados da Pesquisa de Orçamento Familiar, realizada pelo IBGE, o consumo per capita de leite de vaca no Brasil é de 27,05 litros por ano. Entre as alternativas ao de vaca, o mais consumido no País é o leite de soja. Os extratos vegetais são ricos em gordura insaturada e utilizados há mais de 5 mil anos pelos chineses. O leite de soja possui substâncias que auxiliam no tratamento dos sintomas da menopausa, não tem colesterol e é indicado para pessoas com intolerância à lactose.

Entre os leites de origem animal, o de búfala, com maior teor de gordura, vitaminas e minerais (incluindo o cálcio) é 11,5% mais protéico que o de vaca. O de cabra, muito consumido no Nordeste (a região tem 93% do rebanho nacional), é de fácil digestão e auxilia na obtenção e absorção de vitamina B12 pelo organismo. A baixa absorção desse nutriente pode causar anemia e danos ao sistema nervoso. O de ovelha é menos comum no Brasil - grande parte da produção ainda se destina à fabricação de queijos, como o Roquefort e o Pecorino.

Sílvia Cozzolino, nutricionista e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), não abre mão do leite animal. "Estudos apontam que pessoas que tomam mais desse leite não estão propensas à obesidade, e sua composição ajuda a manter a pressão arterial", diz. A professora não acredita que o leite possa causar algum dano à saúde ou possa ser substituído por extratos vegetais. "O leite faz mal para quem é alérgico. Para as outras pessoas, só traz benefícios.