Título: Petróleo é destaque dos recordes de exportação
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/03/2006, Economia & Negócios, p. B5

Cinco grupos de produtos - petróleo e derivados, minérios, material de transporte, soja e elétricos - respondem por 82% do crescimento das exportações este ano até a semana passada, segundo levantamento da Rosemberg & Associados. O destaque é o petróleo, responsável isoladamente por 40% do crescimento. O peso da Petrobrás na pauta exportadora mais do que duplicou: foi de 5,6% em janeiro de 2005 para 11,9% no mesmo mês este ano.

"Antigamente o petróleo era o grande vilão e agora está virando o mocinho da história", comentou a economista da Rosemberg, Thais Marzola Zara. O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, explica que o volume de exportação de petróleo e derivados avança e as cotações estão elevadas. O último dado disponível da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) de exportações por empresas é de janeiro.

"O petróleo e o minério estão sendo importantes", afirmou Castro. O trabalho da Rosemberg mostra que os minérios foram responsáveis por 16,7% do crescimento das exportações, seguido de material de transporte (12,9%), soja (6,3%) e elétricos e eletrônicos (6,3%). Segundo a economista da consultoria, a projeção inicial de crescimento das exportações pode ser superada.

Thais conta que a estimativa da consultoria para a expansão das vendas do País este ano é de 8%, mas os bons resultados das exportações em março indicam que a taxa poderá ser maior, mais perto dos 10%. Isso dependerá do aumento das vendas com a entrada em operação da plataforma de exploração da P-50 da Petrobrás, que começa a operar em abril. Para março, as previsões são de recorde de exportações do País.

No último fim de semana, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, comentou que as exportações vão ultrapassar a faixa dos US$ 11 bilhões este mês e podem superar o recorde anterior, de agosto de 2005 (US$ 11,346 bilhões). O ex-assessor econômico do Ministério do Planejamento e economista-chefe da Mandarim Gestão de Recursos, Eduardo Velho, estima que o valor chegará a US$ 11,6 bilhões.

A projeção leva em conta a média diária das vendas externas nas quatro primeiras semanas do mês, que estão fortes, acima dos US$ 500 milhões, diz Velho. Para ele, grande parte do crescimento das exportações decorre de preços e cotações elevadas de produtos. A economista da Rosemberg também alerta que o câmbio baixo preocupa e a rentabilidade da maior parte dos setores exportadores está em queda.

IMPORTAÇÕES

Ela diz que muitas empresas estão resistindo, "mas é difícil crer que tamanha resistência se verifique em prazos mais longos". O economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Marcelo Nonnemberg reconhece que há "um efeito de preço não desprezível", mas pondera que os indicadores mensais de exportações, descontados os fatores sazonais, mostram acomodação nas vendas externas. "Enquanto isso as importações continuam crescendo."

O economista-chefe da Mandarim prevê que as importações chegarão a US$ 7,76 bilhões e deverão ser novo recorde. O maior valor de importação, até agora, foi em agosto do ano passado (US$ 7,689 bilhões). O vice-presidente da AEB comenta que as empresas estão mais atentas aos preços mais baixos de insumos importados, por causa do dólar favorável.