Título: Venezuela ataca relatório dos EUA: 'papel higiênico'
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/03/2006, Internacional, p. A16

O governo venezuelano desqualificou ontem o relatório do Departamento de Estado dos EUA sobre direitos humanos. O trabalho, que, entre outras acusações, diz que a polícia da Venezuela comete atos de "brutalidade, violência e corrupção", foi classificado pelo vice-presidente, José Vicente Rangel, como "papel higiênico".

Rangel contestou a autoridade dos americanos para julgamentos. Segundo ele, se alguma nação violenta os direitos humanos e é centro de corrupção são precisamente os EUA.

O vice-presidente disse que o relatório, divulgado anteontem, vem em um momento de respeito aos direitos humanos na Venezuela e na maior parte da região. Rangel ainda acusou os EUA de cumplicidade com "todas as ditaduras da América Latina".

O defensor público venezuelano, German Mundaraín, engrossou o coro de críticas ao relatório. Para ele, o documento é apenas um instrumento de retaliação política destinado a condicionar a opinião pública a aceitar eventuais sanções internacionais contra a Venezuela.

O documento acusa também a Venezuela de aplicar leis restritivas contra a mídia e organizações não-governamentais. Mundaraín argumentou que quem vem à Venezuela vê televisão, lê jornais e sabe que existe liberdade de expressão.

Já o governo chinês escolheu outro modo de rebater as críticas americanas, contidas no mesmo relatório. Os chineses divulgaram um relatório próprio, acusando Washington de "graves violações", em solo americano e no exterior, principalmente no Iraque.