Título: 182 professores já foram mortos no Iraque
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/03/2006, Internacional, p. A15

Homens armados mataram 182 professores universitários e acadêmicos no Iraque desde a invasão do país, em março de 2003. Um grupo que representa os acadêmicos e professores do Iraque disse ontem que os assassinatos constituem um crime de guerra.

Outros 85 acadêmicos foram seqüestrados ou sobreviveram a tentativas de assassinato, informou a Associação de Professores Universitários do Iraque.

Os ataques levaram a um êxodo de acadêmicos iraquianos, vitais para o setor da educação e a reconstrução do país destruído pela guerra. No caos vivido em Bagdá é difícil estabelecer se os assassinatos têm motivação política ou criminal.

Para Isam Kadhem al-Rawi, diretor da associação e professor de ciências da Universidade de Bagdá, a campanha contra os intelectuais no Iraque está sendo orquestrada por grupos dentro e fora do país, motivados pela lealdade a uma religião em particular ou ligados a partidos seculares.

EXECUÇÕES

Treze rebeldes foram enforcados ontem pela Justiça iraquiana. Esta foi a primeira vez que rebeldes iraquianos são executados no país desde a invasão americana. Apenas o nome de um dos executados foi revelado. Shukair Farid, um ex-policial de Mossul, norte, acusado de ajudar sírios que se infiltraram no Iraque a recrutar iraquianos para matar civis e policiais. A pena capital foi suspensa no Iraque durante a ocupação formal pelos EUA, encerrada em junho de 2004. Os iraquianos restabeleceram a pena de morte dois meses depois para os condenados por homicídio, por atentarem contra a segurança nacional ou por narcotráfico.

Ainda ontem, o presidente do Iraque, Jalal Talabani, concordou em adiar para 19 de março a primeira sessão do novo Parlamento, uma semana a mais além da data-limite estabelecida na Constituição, atendendo a um pedido da governante aliança xiita.