Título: Grupo aposta em superchapa e fala em FHC para Senado
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/03/2006, Nacional, p. A6

Em lance ousado, tucanos fechariam com Alckmin para disputar a Presidência e Serra, o Bandeirantes,

Apesar de na seara serrista tudo indicar que o prefeito José Serra confirmará hoje à cúpula tucana que se dispõe a disputar a Presidência pelo PSDB, um grupo no partido aposta que a bússola aponta em sentido contrário e para um cenário ainda mais surpreendente. Para esse grupo, a dobradinha do governador Geraldo Alckmin, que disputaria a Presidência, com o prefeito José Serra, que concorreria ao governo estadual, poderá ainda ser reforçada pela candidatura do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao Senado. "A fórmula da chapa tríplice ainda está morna, mas entrou seriamente nas cogitações do partido", informou ao Estado uma fonte bem situada na cúpula do partido.

De acordo com a fonte, Serra teria se entusiasmado com a idéia de disputar a sucessão de Alckmin, sobretudo depois que sondagem telefônica do Ibope revelou a aceitação maciça de seu nome para governador. Conforme revelou o Estado, Serra teria obtido 72% das menções contra 17% da petista Marta Suplicy. Segundo a fonte, o acordo tucano poderá ser fechado hoje em reunião da cúpula do partido que terá a participação de Alckmin e Serra, de Fernando Henrique, do presidente da legenda, senador Tasso Jereissati (CE), e do governador de Minas, Aécio Neves.

Na hipótese de que se confirme a decisão do PSDB de lançar os principais nomes do partido na campanha, se materializará a frase enigmática dita por Fernando Henrique segunda-feira em um discurso de homenagem ao falecido governador Mário Covas: "Não se constrói nada em política sem coragem e ousadia." A inclinação tucana por um movimento que associa ousadia política e alto risco eleitoral leva em conta a validade, para este ano, da regra que obriga a verticalização das alianças eleitorais.

Caso o Supremo Tribunal Federal (STF) confirme a regra, aumentará a probabilidade de polarização da corrida presidencial ainda no primeiro turno. Tal cenário justifica a concentração de forças eleitorais na primeira fase da disputa. A cogitação da candidatura de Fernando Henrique ao Senado passou a ser discutida com base na avaliação de que para vencer o governo petista será necessário um grande esforço, até mesmo de natureza pessoal.

O ex-presidente não gostaria de envolver-se diretamente na luta eleitoral. Mas, diante do desafio do PSDB, as lideranças tucanas teriam a oportunidade única de livrarem a legenda do estigma da indecisão, do partido que prefere subir em muro alto nas horas difíceis, e da opção recorrente por correr o menor risco possível.